Portugueses com “mais um motivo para ficarem na Venezuela”

"Expectativa" quanto ao "futuro político imediato" do país após vitória da oposição

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Festa e muita emoção nos festejos da oposição em Caracas Nacho Doce/Reuters

A comunidade luso-venezuelana está na "expectativa" quanto ao "futuro político imediato" da Venezuela, país onde a oposição obteve, pela primeira vez em 16 anos, a maioria nas eleições parlamentares de domingo.

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A comunidade luso-venezuelana está na "expectativa" quanto ao "futuro político imediato" da Venezuela, país onde a oposição obteve, pela primeira vez em 16 anos, a maioria nas eleições parlamentares de domingo.

"Temos que celebrar por tudo ter corrido em paz. Virão mudanças importantes para o país, já em Janeiro, quando o novo Parlamento tomar posse", diz Ricardo Faria, comerciante português de 56 anos, apoiante da Mesa da Unidade Democrática (MUD)

Agora, seguem-se "momentos de expectativa porque aqueles que eram oposição passarão a ser maioria e os que até agora mandavam passarão a ser oposição", salienta o comerciante, que nunca acreditou numa vitória tão esmagadora da MUD. "Esperava que a oposição conseguisse ficar mais bem posicionada do que antes, mas nunca cheguei a imaginar que a diferença em votos pudesse ser tão grande", salienta.

"O importante é que todos entendamos que o país continua. Os resultados são uma lição, tanto para a oposição como para o 'chavismo', estes últimos porque perderam e isso indica que se distanciaram do sentimento do povo", afirma. Quanto aos opositores, eles "terão a desafiante tarefa de interpretar esses sentimentos, reencaminhar o país, preservar a paz e promover o entendimento", refere.

Já Beatriz Andrade, doméstica e apoiante do 'chavismo', também se mostra surpreendida com os resultados e diz ter dificuldades para entender "como os revolucionários perderam tanto". Teme que a oposição suspenda algumas "missões", nome pelo qual são conhecidos os programas de assistência social criados pelo Governo venezuelano. "Temos a missão habitação, as missões de educação, de saúde, entre outras, e venda de alimentos a preços subsidiados, que, não foram suspensas ou reduzidas, mesmo com o país em crise", enumera.

No entanto, Beatriz Andrade admite que "alguma coisa falhava" no modelo de gestão do país. "Nos últimos meses, as pessoas queixavam-se muito de coisas como a falta de produtos, dos altos preços de algumas coisas e da criminalidade", recorda.

Já Maria Almeida, professora, ouviu os resultados "muito esperançada". "São momentos de felicidade, de alegria, de esperança. Por fim, temos uma luz ao fundo do túnel. Abriu-se uma nova porta para a Venezuela, que vai demorar, mas pelo menos já temos uma luz, uma esperança, coisa que antes não tínhamos", afirma.

Por outro lado, explicou que "quem anda na rua, no dia-a-dia, e apalpa o sentimento do povo, sabia que estas eleições seriam importantes e que a oposição teria uma maioria esmagadora", acrescenta.

A crise económica tem afastado muitos lusodescendentes do país, mas agora Maria Almeida acredita que será possível inverter a tendência. "Com estes resultados temos mais um motivo para ficar na Venezuela", diz.