O “príncipe” que nenhum líder do PS ousou dispensar
Augusto Santos Silva é parte obrigatória de todos os governos do PS desde 1999. Guterres apegou-se a ele, Sócrates transformou-o no seu escudeiro e mentor, Costa chamou-o para número dois. Até os adversários lhe reconhecem a inteligência, cultura superior, lealdade e combatividade.
No final da tarde de terça-feira, Augusto Santos Silva estava no seu gabinete no Ministério dos Negócios Estrangeiros a ler telegramas impressos em papel cor-de-rosa que lhe chegaram de embaixadas de Portugal espalhadas pelo mundo. Viajando no tempo, talvez o pudéssemos encontrar há cinco anos na cadeira de ministro da Defesa a despachar com generais ou a falar com almirantes sobre fragatas e corvetas que ainda hoje, reconhece, é incapaz de distinguir. Há sete ou oito, muito provavelmente estaria reunido com José Sócrates a delinear a estratégia política do Governo. No tempo de António Guterres, talvez o víssemos a negociar com companhias de teatro ou a reunir com sindicatos da área da Educação. Na última década e meia, Augusto Santos Silva tornou-se no príncipe que nenhum líder do PS se dá ao luxo de prescindir. Em pastas mais técnicas ou como ministro de assuntos eminentemente políticos, o sociólogo de 59 anos pode dar-se ao luxo de apresentar um currículo com cinco passagens por cinco ministérios de quatro governos. Um exemplo de versatilidade e de adaptação que torna indispensável a pergunta: o que tem, afinal, Augusto Santos Silva de tão especial?
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No final da tarde de terça-feira, Augusto Santos Silva estava no seu gabinete no Ministério dos Negócios Estrangeiros a ler telegramas impressos em papel cor-de-rosa que lhe chegaram de embaixadas de Portugal espalhadas pelo mundo. Viajando no tempo, talvez o pudéssemos encontrar há cinco anos na cadeira de ministro da Defesa a despachar com generais ou a falar com almirantes sobre fragatas e corvetas que ainda hoje, reconhece, é incapaz de distinguir. Há sete ou oito, muito provavelmente estaria reunido com José Sócrates a delinear a estratégia política do Governo. No tempo de António Guterres, talvez o víssemos a negociar com companhias de teatro ou a reunir com sindicatos da área da Educação. Na última década e meia, Augusto Santos Silva tornou-se no príncipe que nenhum líder do PS se dá ao luxo de prescindir. Em pastas mais técnicas ou como ministro de assuntos eminentemente políticos, o sociólogo de 59 anos pode dar-se ao luxo de apresentar um currículo com cinco passagens por cinco ministérios de quatro governos. Um exemplo de versatilidade e de adaptação que torna indispensável a pergunta: o que tem, afinal, Augusto Santos Silva de tão especial?
A resposta que ele dá é própria de um general cujo peito cheio de medalhas recomenda comedimento e humildade. “Não me considero especialmente talentoso”, explica. “Sou uma pessoa normalíssima”, acrescenta. Sendo um sociólogo, “sei o que é um papel e sei o que é o desempenho desse papel”, justifica. Se há qualidades que ele admite, há que as procurar na “lealdade ou contenção”. É natural que a “lealdade” o tenha tornado simpático aos olhos de líderes tão diferentes como António Guterres e José Sócrates, que defendeu com unhas e dentes do princípio ao fim. É provável que o saber desempenhar papéis o tenha tornado ministeriável para pastas tão distintas como a Cultura ou os Negócios Estrangeiros. De resto, ele concebe o exercício de funções no Governo à luz da perspectiva britânica, segundo a qual “a competência essencial é sempre de natureza política”.
Mas há outra característica no perfil de Augusto Santos Silva que sobreleva todas as outras e pode justificar com maior eficácia uma presença continuada nos governos socialistas desde 1999: “É uma pessoa inteligente, preparada, muito culta, com uma característica rara no socratismo – a capacidade de improvisação”, explica Paulo Rangel, que, quando foi líder da bancada parlamentar do PSD, em Junho de 2008, teve de se confrontar com as suas intervenções “duras, ácidas, um pouco truculentas, cínicas e até autoritárias, na praxis e no estilo”, recorda o agora eurodeputado.
Se há uma marca distintiva no seu perfil político, há então que a procurar nessa imagem pública, agreste e por vezes agressiva, que foi projectando de si próprio e que contrasta com a forma afável, irónica e graciosa que alimenta nas suas relações pessoais. O símbolo máximo dessa imagem foi criado em 6 de Fevereiro de 2009, na campanha para o congresso do PS que reelegeria Sócrates, quando avisou: “Eu cá gosto é de malhar na direita, e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam, de facto, à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheci na minha vida e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me, obviamente, ao PCP e ao Bloco de Esquerda”. “Malhar” era, obviamente, um recurso irónico que dispensava a violência física, mas, nas suas intervenções, as palavras podem ser cruéis. Como em 2011, quando acusou o Presidente da República de ser um “chefe de facção”. Ou, mais recentemente, quando chamou “bobo” ao candidato presidencial Henrique Neto. Sempre desassombrado e disposto a dizer alto o que pensa, acusou o director de Informação da TVI, Sérgio Figueiredo, de “censura” por ter terminado o programa Os Porquês da Política. Este respondeu-lhe dizendo que ele saía da estação “por ser malcriado, não porque a sua voz é incómoda”.
O que para os adversários é incómodo, o que para muitos cidadãos pode parecer destempero, acaba por ser visto no interior do PS como um activo político de primeira importância. Porque, para lá da contundência verbal, que o poderia levar para a proximidade de figuras como José Lello, Augusto Santos Silva é reconhecidamente um intelectual com um poder de argumentação temível e com uma enorme capacidade de produzir pensamento político e estratégico. O seu papel nos diferentes governos esteve sempre para lá da gestão da pasta que lhe competia. Quando José Sócrates o chamou para ministro dos Assuntos Parlamentares, pôde finalmente revelar todos os seus dotes estratégicos e, por arrastamento, toda a sua concepção sobre o exercício do poder. Paulo Rangel via nesse exercício “uma lógica maquiavélica, no sentido original do termo”, que se apresentava através da “defesa de um poder puro e duro, na qual os fins justificam os meios”. Augusto Santos Silva viu essa sua função de outra forma. “Eu era como que a primeira trincheira da defesa do Governo, uma espécie de cão que guarda a casa. Nessas funções, é necessário ser implacável. Não há nenhum ministro que diga que eu não o defendi. Claro que o Governo tinha defeitos, mas não me cabia a mim substituir-me ao papel da oposição para os apontar”, nota.
Paulo Rangel concorda, pelo menos, num ponto: “Ele era muito firme na defesa dos ministros, protegendo particularmente os mais débeis politicamente, como era o caso da ministra da Educação”, Maria de Lurdes Rodrigues. Mas será a sua defesa sem concessões de José Sócrates que mais persistirá na memória. Em 2007, com a proliferação de notícias sobre o “caso Freeport”, Santos Silva vem a público denunciar o “jornalismo de sarjeta”. Em 2009, protestava, numa entrevista ao Jornal de Notícias, contra “a tentativa de assassinato político e moral de José Sócrates”. Sobre a ajuda externa e a responsabilidade de Sócrates na sua génese, manteve uma posição nada consensual, dizendo que “quem chamou a troika não foi o PS, nem o engenheiro Sócrates; quem chamou a troika tem quatro nomes: Passos Coelho, Paulo Portas, Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa”. Com a prisão do ex-primeiro-ministro, empenhou-se em fazer prevalecer o princípio da presunção da inocência nas suas intervenções públicas. Discretamente, tratou de o visitar na prisão em Évora. E, para lá da fidelidade ao amigo, Santos Silva manteve-se fiel ao projecto político. “O primeiro Governo de Sócrates foi o mais reformista e progressista da democracia portuguesa”, disse na TVI, já este ano.
De Trotsky a Mário Soares
Nascido em Agosto de 1956, no Porto, filho de um casal de enfermeiros do Hospital de Santo António, Augusto Santos Silva despertou para a política em 1972, tinha então 16 anos. No Liceu Rodrigues de Freitas, integrou os Comités de Acção Liceal da União Operária Revolucionária, organização da extrema-esquerda que mais tarde viria a fundir-se na Liga Comunista Internacionalista (LCI). “A radicalização política era normal no liceu. Eram ambientes muito politizados, com os maoístas de um lado e os trotskistas do outro”, recorda. Num artigo que escreveu no PÚBLICO para assinalar os 25 anos do 25 de Abril (Como Jane Birkin me atirou para os braços do trotskismo), justificaria a sua militância esquerdista com a má experiência que teve quando assistiu ao filme Blow Up, de Michelangelo Antonioni, no velho Cinema Estúdio, no Porto, onde os porteiros eram mais tolerantes na verificação das idades dos espectadores. Nessa sessão, Augusto Santos Silva irritou-se ao constatar que “Jane Birkin aparecia num fotograma a desapertar um botão e no outro já aparecia a apertá-lo”. A censura cortara a cena tórrida que se adivinhava e exemplos como esses formaram “uma consciência política” alimentada pela “frustração de saber que havia livros proibidos e filmes censurados”.
A sua experiência esquerdista, porém, não iria muito além. Em 1976, apoiou a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho. “Mas nunca cheguei a ser militante da LCI. Uma alma caridosa emprestou-me um livro no qual se provava a responsabilidade de Trotsky no massacre dos marinheiros na revolta de Kronstadt [uma insurreição contra o regime soviético, em Março de 1921]” e o encanto esvaiu-se. Não querendo trocar o trotskismo mais radical pelo maoísmo, para não ter de decorar “um livro medíocre de aforismos”, aproximou-se do Movimento de Esquerda Socialista, que, no Porto, acolhia figuras como Alberto Martins, Arnaldo Fleming e Jorge Strecht Ribeiro. O caminho de aproximação do PS tinha começado e, em 1985, na primeira eleição de Mário Soares, chegaria ao fim. “As eleições presidenciais de 1985 são decisivas para a reconfiguração da esquerda”, diz. Santos Silva apoia Maria de Lourdes Pintasilgo na primeira volta e junta-se a Mário Soares na segunda. “Não tive de tomar 'alka-seltzer', como o Álvaro Cunhal”, ironiza. “Primeiro estive do lado dos que queriam a revolução, mas recusavam uma democracia burguesa. Nesse combate, Mário Soares ganhou-me. Depois, passámos outros dez anos a apreender e a incorporar essa vitória de Mário Soares. O processo ficou concluído nas eleições presidenciais de 1985”, nota.
Pelo meio das suas deambulações políticas, Santos Silva continua a sua carreira académica. Depois de se licenciar em História, vai dar aulas no ensino secundário. Mais tarde, em 1981, entra para a Faculdade de Economia, a cujos quadros pertence. Pelo meio, faz um doutoramento em Sociologia, no ISCTE, em 1992. Era já militante do PS e começava a dar os primeiros passos da sua carreira política no arco do poder. Nos Estados Gerais do partido, que Guterres convoca como esteio para encerrar a era de Cavaco Silva, dá nas vistas a diagnosticar e discutir políticas de Educação. Em 2009, entra finalmente para o Governo, sendo nomeado secretário de Estado da equipa liderada por Guilherme de Oliveira Martins. Quando Martins vai para o Ministério da Presidência, quem o substitui é Santos Silva e não Ana Benavente, uma militante com muito mais histórico no partido do que o “jovem turco” do Porto. Uma escolha “que explica muito do azedume de Ana Benavente” – Ana Benavente anunciou o seu afastamento do PS e admitiu juntar-se ao Livre, em Novembro de 2013.
No pousio, entre o punk
Na Educação, trava os seus primeiros combates a sério e revela pela primeira vez de forma nítida a sua intransigência – ou a firmeza de ideais. Com o PÚBLICO a mobilizar uma campanha pública a favor da revelação dos rankings das escolas, medida que o ministro condenava (e condena), o seu isolamento agrava-se. “Não valia a pena manter um dique contra aquela corrente”, reconhece hoje. Guterres e ele próprio concordam que a sua “situação política se tinha deteriorado, que a imagem como ministro da Educação estava esgotada”. O primeiro-ministro, porém, queria mantê-lo no executivo: “Considerava que eu merecia continuar no Governo”. Com a situação José Sasportes, que estava na Cultura, a tornar-se insustentável face à vaga de contestação dos agentes culturais, Santos Silva tem uma nova oportunidade. “A única vez que fui remodelado foi para a pasta que eu queria. Sou um homem com sorte”, diz.
A subida ao poder de Durão Barroso e, mais tarde, de Santana Lopes leva Santos Silva para a oposição. Tinha sido eleito pelo círculo do Porto, onde era mal visto por um aparelho pouco sensível às críticas do sociólogo. Na disputa entre Manuel Alegre e José Sócrates, junta-se ao lado derrotado – só no duelo António Costa versus António José Seguro estará ao lado do candidato vitorioso (apoiou Sampaio contra Guterres e, mais recentemente, Assis contra Seguro). Mas, quando Sócrates vai para o Governo, não prescinde dos dotes de orador e de guerrilheiro político que Santos Silva havia mostrado no Parlamento. Ser-lhe-ia entregue a pasta dos Assuntos Parlamentares, “o cargo que ele desempenhou com mais eficiência”, reconhece Paulo Rangel. Apesar da turbulência que deixava como rasto, não obstante os anticorpos que foi criando à sua volta. “As suas intervenções eram muitas vezes demagógicas, muito maniqueístas, divididas sempre entre o bem e o mal. Este maniqueísmo justificava o recurso a meios duros no combate político”, diz Rangel. Os custos políticos desta função foram enormes: “Ao fim de um mandato, estava esgotado politicamente”, reconhece Santos Silva. No Governo minoritário de Sócrates, vai para a Defesa, por onde passou com muito mais discrição.
Com o final do socratismo, estava na hora de regressar à base, à Faculdade de Economia. No PS, esboçava-se um ajuste de contas com o passado recente e Santos Silva era um dos alvos prioritários dessa limpeza ideológica. Num dos seus escritos, insurge-se contra “camaradas (...), personagens menores, que às vezes parecem muito embaraçados, parece que gostavam de fechar numa gaiola quem teve responsabilidades de direcção até 2011”. Dedica-se às aulas e à investigação. Aceita participar no projecto Keep it simple, make it fast! Prolegómenos e cenas punk, um caminho para a contemporaneidade portuguesa (1977-2012), subsidiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Maria Filomena Mónica, também socióloga, protestaria: “Eis o delírio, mais um, financiado por um Estado pobre, clientelar e ignorante”. A investigação está a cargo de Paula Guerra, que trabalhava com Santos Silva há mais de 20 anos – o sociólogo foi o orientador da sua tese sobre o rock alternativo, na área da Sociologia da Cultura e das Artes. Augusto Santos Silva sente-se bem neste estudo sobre o punk português, “uma forma cosmopolita de contestação a uma certa tradição”, como sublinha Paula Guerra. Nas suas opções estéticas, ou até na forma como se veste na rotina civil, há nítidos sinais da memória contracultural dos anos 60.
Nos jornais, no Facebook e na televisão, porém, Santos Silva vai mantendo um pé na política. Para defender os seus governos, para atacar a troika, o Governo de Passos e Portas, o PCP, que acusava de representar uma “sanha contra o PS”, ou o Bloco. Ou para forçar António José Seguro a disputar eleições primárias no PS com António Costa, que apoia desde o primeiro momento, em nome de “uma alternativa credível de governação”. A vitória fácil de Costa torna-o ainda mais actuante. Participa em discussões internas, lança avisos contra tentações do PS por “holandisses” ou “varoufakisses”, pronuncia-se a favor de orçamentos equilibrados.
O quinto império de Santos Silva
Com a vitória da coligação PaF nas eleições de 4 de Outubro, Augusto Santos Silva coloca-se ao lado dos que defendem a indigitação de Passos. E desaprova qualquer colagem do PS à moção de rejeição que quer o PCP quer o Bloco de Esquerda se apressaram a apresentar. “Bastaria a forma como o BE e o PCP a apresentaram para o PS dizer que não”, notaria a 7 de Outubro. Dias mais tarde, Santos Silva ouve com surpresa Jerónimo de Sousa a dizer que o PCP poderia viabilizar um Governo socialista. Ao PÚBLICO, diria que esta aproximação resulta da pressão dos eleitorados do Bloco e do PCP, cujas lideranças estariam a aplicar apenas as velhas tácticas leninistas de adaptar-se quando não se consegue mudar, de fingir até ao fim. E deixava um aviso: a linha dura do PCP continuava viva e alerta, no Comité Central.
Na sexta-feira, no discurso com que encerrou o debate sobre o Programa do XXI Governo, Augusto Santos Silva mostrava ter já ultrapassado todas as suas dúvidas e reclamava a necessidade de se “agir” e de derrubar as “sebes” que se ergueram no Parlamento e no país. Mais do que ser o titular do MNE, que, na anterior legislatura, considerava ser “um brinquedo de Paulo Portas”, tornara-se o incontestado número dois do Governo. O seu domínio da discussão política há-de ser útil para gerir os equilíbrios precários na Europa. O seu pensamento sobre os Negócios Estrangeiros sugere mudanças de rumo. Escreveu: “A chamada diplomacia económica, de que tanto se fala (e eu acho muito bem) e a diplomacia cultural, de que quase não se fala, são cara e coroa da mesma moeda”. Mais difícil de prever é a forma como será capaz de conciliar as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros, que, por tradição, exige uma pose mais solene e distante do combate político corrente, com a defesa do Governo. “Para o cargo que desempenha agora, ele precisa de gravitas. É uma situação um bocadinho estranha”, diz Paulo Rangel.
No meio dos telegramas cor-de-rosa, ou a redigir os seus temíveis ataques à oposição, Augusto Santos Silva tem motivos e experiência para se sentir confortável. Como um príncipe de Maquiavel, ele não se preocupa se for mais temido do que amado. A política é poder e o poder conquista-se com determinação, audácia e, se for o caso, artilharia verbal de grosso calibre. Para este sociólogo, casado e pai de três filhos, o papel de ministro tem códigos de representação específicos que muitas vezes dispensam a afabilidade ou a candura.