Passos e Portas unidos contra radicalização do PS

Os líderes do PSD e do CDS, com algumas diferenças no tom dos discursos, alertaram para os riscos das medidas anunciadas.

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Um esteve mais concentrado nos riscos para a recuperação económica do país, o outro foi mais violento contra a solução dos “amigos para sempre” e que coloca o Governo PS nas mãos do PCP. Os dois – Passos Coelho e Paulo Portas – estiveram em sintonia na hora de rejeitar a legitimidade política do Governo.

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Um esteve mais concentrado nos riscos para a recuperação económica do país, o outro foi mais violento contra a solução dos “amigos para sempre” e que coloca o Governo PS nas mãos do PCP. Os dois – Passos Coelho e Paulo Portas – estiveram em sintonia na hora de rejeitar a legitimidade política do Governo.

Na intervenção de encerramento do debate, o líder do PSD identificou o que considerou ser o  “pecado original” do Governo liderado por António Costa. “Este Governo, assim como o seu chefe, não foram escolhidos pelo povo, foram escolhidos pelos deputados em nome do povo mas nas costas do povo”, criticou.

Assumindo que estará na oposição, o antigo primeiro-ministro responsabiliza o PS por se aliar “aos radicalismos de extrema-esquerda”, rejeitando uma “maioria maior de base pró-europeia e pró-Atlântica”. A ideia da “radicalização” do PS esteve sempre nas intervenções dos deputados do PSD e do CDS e na própria moção de rejeição que foi chumbada pela esquerda. O texto sustentava que o programa do PS não era mais do que um “somatório de posições bilaterais” e um conjunto de opções programáticas perigoso e aventureiro que compromete a recuperação e modernização do país”.

Passos Coelho viria a ser mais explícito sobre os efeitos das propostas anunciadas pelo novo Governo, lembrando que os parceiros europeus e os credores ainda têm uma palavra a dizer. “As medidas que se pré-anunciam com apoio socialista e comunista só podem afastar investidores e agentes económicos, penalizando o crescimento do PIB potencial e dificultando a eficácia da política orçamental, o que se reflectirá negativamente nas políticas públicas e na carga fiscal a suportar pelos contribuintes”, advertiu.

Num tom mais violento – mas ainda assim com humor –, o líder do CDS-PP descolou-se de um apoio ao Governo PS. Esse terá de se suportar à esquerda. “Ficam escolhidos hoje os seus BFF – Best Friend Forever (amigos para sempre). Catarina best friend [melhor amiga] de António, António best friend de Jerónimo e Jerónimo -  só isso não é novo -  best friend de Heloísa”, disse, arrancando uma gargalhada nas bancadas do PSD e do CDS. “Com eles escolheu governar, neles se apoiará, neles poderá tropeçar, dependendo deles ficará ou cairá. É a vida”, rematou, referindo-se aos dirigentes do BE, PCP e PEV. O mesmo disse Passos Coelho, noutro tom, ao garantir que o PSD só dará apoio no que for “essencial” para Portugal, mas que aí espera que António Costa se demita.

O antigo vice-primeiro-ministro, numa intervenção que mereceu muitos protestos das bancadas à esquerda, começou por insistir na ilegitimidade política de António Costa. “É ainda o primeiro caso em democracia de um político que tinha que ser primeiro-ministro à viva força para aspirar a manter-se como líder do seu partido. Habitualmente acontece o inverso: os líderes candidatam-se a para poderem ser primeiros-ministros”, afirmou.

Paulo Portas explorou ao máximo a ideia de que o Governo PS fica dependente dos comunistas para governar. A maioria parlamentar de que dispõe só será “até quando o politburo [órgão máximo do Partido Comunista na antiga União Soviética] o entender e até quando quiser”. O Bloco “já é uma flor na lapela de António Costa”  e é por isso que defende que “é a vontade do Partido Comunista que decidirá o destino do Governo de Portugal”.

Nas cedências do PS ao PCP, Portas elencou a educação “à Frenprof” e os transportes urbanos à CGTP. Cedências à esquerda que levaram Telmo Correia, do CDS, a dizer que o Governo PS é "social-comunista" e com "tralha socrática".