Passos alerta para risco de aumento de impostos

O ex-primeiro-ministro disse que este governo foi escolhido "pelos deputados em nome do povo, mas nas costas do povo".

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Enric Vives-Rubio

O líder do PSD Pedro Passos Coelho alertou para as consequências negativas da política orçamental “aventureira e experimentalista” defendida pelo novo Governo do PS, que se pode reflectir num aumento de impostos. Uma solução governativa, encontrada após as legislativas, que o antigo primeiro-ministro não se cansou de condenar.

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O líder do PSD Pedro Passos Coelho alertou para as consequências negativas da política orçamental “aventureira e experimentalista” defendida pelo novo Governo do PS, que se pode reflectir num aumento de impostos. Uma solução governativa, encontrada após as legislativas, que o antigo primeiro-ministro não se cansou de condenar.

Na intervenção, o antigo chefe de Governo relatou o processo que decorreu após as eleições de 4 de Outubro em que surgiu um “vencedor inesperado". “Esse vencedor não tinha ido declaradamente a votos, já que estaria apartado por um muro erigido há cerca de 40 anos que impedia os eleitores de o identificar como tal, e por conseguinte, de o poderem escolher conscientemente”, afirmou.  

Passos Coelho rejeitou o argumento avançado na quarta-feira pelo primeiro-ministro de que foi a coligação PSD/CDS que falhou na procura de um entendimento com o PS. E retomou a ideia de uma transformação de uma “maioria negativa” para derrubar o anterior Governo numa “maioria positiva”, sem a aprovação formal de uma moção de confiança. “E esta é a marca genética deste novo Governo. Por assim dizer o seu pecado original. Este Governo, assim como o seu chefe, não foram escolhidos pelo povo, foram escolhidos pelos deputados em nome do povo, mas nas costas do povo”, criticou.

Assumindo que estará na oposição, o antigo primeiro-ministro responsabiliza o PS por se aliar “aos radicalismos de extrema-esquerda”, rejeitando uma “maioria maior de base pró-europeia e pró-Atlântica”. E acusa “socialistas e comunistas” de pretender reverter reformas estruturais no mercado laboral, nas privatizações e na educação.

Depois de rebater o argumento de que a austeridade imposta pelo PSD/CDS tem uma raiz ideológica, Passos Coelho disse esperar que “o excesso de voluntarismo que parece querer acelerar o ritmo de remoção de tais medidas não venha a acarretar novos sacrifícios”.

Mais à frente, Passos Coelho tornaria mais explícitos os efeitos das propostas anunciadas pelo novo Governo, lembrando que os parceiros europeus e os credores ainda têm uma palavra a dizer. “As medidas que se pré-anunciam com apoio socialista e comunista só podem afastar investidores e agentes económicos, penalizando o crescimento do PIB potencial e dificultando a eficácia da política orçamental, o que se reflectirá negativamente nas políticas públicas e na carga fiscal a suportar pelos contribuintes”, advertiu.

Mais uma vez, o líder do PSD rejeitou dar qualquer apoio ao PS, embora admita vir a ser o suporte que o Governo não conseguiu à esquerda num momento que seja “essencial” para Portugal. Nessa altura, Passos Coelho diz esperar que António Costa se demita e devolva “a palavra ao povo” para que “seja desta feita ele mesmo a escolher o futuro Governo de Portugal”.