Rússia acusa família de Erdogan de lucrar com petróleo do Estado Islâmico

Presidente da Turquia ameaça com medidas de represália, se os russos continuarem a “espalhar calúnias”

Foto
Uma das imagens que a Rússia diz ser de camões-cisterna na fronteira turco-síria Reuters

A Rússia passou aos ataques pessoais na crise que a opõe à Turquia, acusando directamente o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, e a sua família de lucrarem com o contrabando do petróleo roubado pelo Estado Islâmico na Síria.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Rússia passou aos ataques pessoais na crise que a opõe à Turquia, acusando directamente o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, e a sua família de lucrarem com o contrabando do petróleo roubado pelo Estado Islâmico na Síria.

Estas novas acusações acontecem uma semana depois do abate pela aviação turca de um caça russo perto da fronteira com a Síria, um incidente que provocou uma crise aguda nas relações ente os dois países.

“O principal consumidor deste petróleo roubado aos seus legítimos proprietários, a Síria e o Iraque, revelou-se ser a Turquia”, acusou nesta quarta-feira frente a vários jornalistas o vice-ministro russo da Defesa, Anatoli Antonov.

“A classe política dirigente, incluindo o Presidente Erdogan e a sua família, está implicada nesse comércio ilegal”, continou Antonov, acrescentando que “o cinismo do Governo turco não tem limites”.

O responsável russo acusou em particular o genro de Erdogan, Berat Albayrak, 37 anos, recentemente nomeado ministro da Energia, e que durante muitos anos dirigiu o grupo energético Calik Holding, e também um dos seus filhos, Bilal, que dirige o grupo BMZ, especializado em obras públicas e transporte marítimo.

Erdogan foi rápido a reagir, ameaçando Moscovo com medidas de represália, se os russos continuarem a “espalhar calúnias”. E repetiu que se demitiria imediatamente se as acusações russas fossem provadas.

O contrabando de petróleo – e outros bens – é uma realidade entre os territórios controlados pelos jihadistas do Estado Islâmico e a Turquia. O ministro russo mostrou imagens de satélite onde se vêem dezenas de camiões-cisterna na fronteira turco-síria. Mas daí a chegar à elite dirigente turca vai um grande passo que só Moscovo – na sua guerra de palavras com Ancara – deu até agora.

Vladimir Putin já tinha, na segunda-feira, acusado Ancara de “proteger” os combatentes do EI e de dar cobertura ao tráfico de petróleo, que representa uma das principais fontes de financiamento do grupo jihadista.

E foi mais longe ainda, afirmando que a decisão da aviação turca de abater o caça russo Su-24 foi ditada pela “vontade de proteger as rotas de trânsito do petróleo em direcção ao território turco”. Putin disse ter a certeza de que o petróleo do EI é “encaminhado maciçamente, de forma industrial, em direcção à Turquia”, gerando “milhões e mil milhões de dólares” de lucro. Erdogan rejeitou as acusações e desafiou Moscovo a provar as acusações.