Continuar a viver

A inesperada maturidade de Nanni Moretti num melodrama de enorme elegância.

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Charles Trenet cantava em tempos “o que ficou dos nossos amores”; Nanni Moretti pergunta-se o que fica da nossa vida quando ela chega ao fim neste soberbíssimo melodrama de enorme e elíptica elegância, acompanhando a crise de consciência de uma realizadora a quem o mundo parece cair em cima no exacto momento em que a mãe é diagnosticada com uma doença terminal.

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Charles Trenet cantava em tempos “o que ficou dos nossos amores”; Nanni Moretti pergunta-se o que fica da nossa vida quando ela chega ao fim neste soberbíssimo melodrama de enorme e elíptica elegância, acompanhando a crise de consciência de uma realizadora a quem o mundo parece cair em cima no exacto momento em que a mãe é diagnosticada com uma doença terminal.

É uma obra de uma maturidade inesperada, que faz eco não apenas de O Quarto do Filho (2001, ainda o nosso Moretti preferido) mas também do Caos Calmo (2008) de Antonello Grimaldi onde o cineasta foi “apenas” actor e co-argumentista. Todos são filmes sobre continuar a viver quando tudo parece deixar de fazer sentido, todos são filmes francamente mais complexos e elaborados do que dão a entender à primeira vista, todos são filmes com aquela truculenta capacidade de arrancar um sorriso de reconhecimento que durante muito tempo foi apanágio do melhor cinema italiano.