E se a retina for um espelho precoce da doença de Alzheimer?
Atribuídos Prémios Santa Casa Neurociências, no valor total de 400 mil euros, para dois projectos de investigação: um sobre a doença de Alzheimer e o outro para tentar regenerar danos na coluna vertebral.
Será que é possível diagnosticar a doença de Alzheimer observando a retina? Haverá um método para regenerar a espinal medula após um trauma? Estas duas questões transformaram-se em projectos de investigação por cientistas da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), no Porto, que venceram os Prémios Santa Casa Neurociências, atribuídos esta quarta-feira pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
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Será que é possível diagnosticar a doença de Alzheimer observando a retina? Haverá um método para regenerar a espinal medula após um trauma? Estas duas questões transformaram-se em projectos de investigação por cientistas da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), no Porto, que venceram os Prémios Santa Casa Neurociências, atribuídos esta quarta-feira pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
António Ambrósio, investigador da UC, é o líder do projecto Alterações cerebrais na doença de Alzheimer: a retina como espelho do início e progressão da doença?, que venceu o Prémio Mantero Belard 2015, no valor de 200 mil euros, um dos dois galardões da Santa Casa dedicados a projectos na área das doenças neurodegenerativas.
A ideia é tentar relacionar os danos que vão surgindo na retina dos doentes de Alzheimer com a evolução desta patologia neurodegenerativa, que provoca a perda de memória e de autonomia normalmente em pessoas idosas. “A doença de Alzheimer tem início anos antes dos primeiros sintomas clínicos, pelo que o diagnóstico precoce, recorrendo a biomarcadores de confiança, é da maior importância”, lê-se no resumo do projecto. “Apesar de alguma controvérsia, estudos mostram que a retina é afectada pela doença.”
A equipa vai usar técnicas de imagem e de electrofisiologia para fazer esta ligação entre olhos e cérebros, estudando os processos em ratinhos geneticamente modificados e em pessoas com a doença de Alzheimer entre os 50 e 75 anos.
Já o Prémio Melo e Castro, também de 200 mil euros, dedicado a investigação na “recuperação e tratamento de lesões vertebro-medulares”, foi atribuído à investigadora Ana Paula Pêgo, do INEB. O objectivo é desenvolver uma estratégia para regenerar os neurónios que ficam danificados em traumas da espinal medula, que podem deixar as pessoas paraplégicas ou tetraplégicas.
Para isso, a equipa quer usar duas técnicas. Por um lado, vai tentar inibir duas substâncias produzidas pelo corpo que não deixam regenerar naturalmente os neurónios. Por outro lado, quer usar um gel que promove o crescimento dos neurónios. “O sistema proposto será testado num modelo de lesão medular clinicamente relevante em combinação com um protocolo de reabilitação concebido à semelhança dos actuais programas de reabilitação em prática clínica”, explica o resumo do projecto.
Os prémios Santa Casa Neurociências, de 400 mil euros no total, foram criados em 2013 e destinam-se a apoiar directamente a investigação científica em Portugal. Em 2014, Rodrigo da Cunha, também da UC, venceu o Prémio Mantero Belard, enquanto Moisés Mallo, do Instituto Gulbenkian de Ciências de Oeiras, recebeu o Prémio Melo e Castro. Este ano, concorreram 202 cientistas de várias nacionalidades a trabalhar em Portugal.