Falar à bebezinho
É óptima a série Master of None de Aziz Ansari.
É óptima a série Master of None de Aziz Ansari. Ansari escreve com humor mas também com pontaria, bondade e uma antiquada mas hoje revolucionária boa educação.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
É óptima a série Master of None de Aziz Ansari. Ansari escreve com humor mas também com pontaria, bondade e uma antiquada mas hoje revolucionária boa educação.
O verdadeiro herói da série são os EUA. É também o vilão, claro, mas a esse papel já estamos mais habituados. Numa só geração o personagem principal, Dev, torna-se americano sem esforço nenhum que não conseguir comunicar com a geração dos pais, imigrantes vindos da Índia e lutar contra o racismo sempre presente, com veemência mas com bonomia.
Dev é um indivíduo civilizado que se diverte a tentar deixar-se corromper pelo egoísmo, pela insensibilidade e pelo superficialismo da vida de solteiros e casados de Nova Iorque.
Inteligente e bem educado Dev é um altruista e um humanista confidencial. É para a empatia e para a solidariedade que a alma dele o puxa. O pior é o resto, a começar pela facilidade humaníssima com que, à maneira de Wilde, é capaz de resistir a tudo menos a uma tentação.
Dois senões: os melhores episódios são os quatro primeiros, o que depois desanima um bocadinho embora não corte o vício de ver a série até ao fim.
Pior (mas cada vez mais típico da maioria das séries e dos filmes dos EUA) é a maneira infantilizada e mimalha de falar. O baby talk não só é irritante como amiúde incompreensível. Começou com as actrizes mas agora chegou aos actores. Em Master of None o pior linguajar de querubim vem do próprio Aziz Ansari.
Será tarde de mais para arrepiar caminho? Será.