A primeira longa-metragem de João Salaviza é duma coerência total com o seu trabalho no formato curto, reconhecendo-se temas, persistências e procedimentos que já o interessavam. O que é particularmente notável é que se Montanha, até pela questão básica da duração, “expande” esse trabalho, também age numa espécie de contracção, de obstinação no essencial, sem medo (ou por outra, com o desejo vincado) de avançar pela rarefacção, alimentada (e muito bem) por um minimalismo minucioso tão atento às coisas tangíveis (o que é da ordem do “urbano”, dos espaços ao envolvimento sonoro) como às subtilezas psicológicas das personagens. Um “artesanato” emocional, mas também uma coreografia, um movimento desenvolvido numa paisagem citadina tratada como coro. Nesse sentido, e por paradoxal que pareça tratando-se duma “primeira-obra”, um ponto de chegada. Fica uma curiosidade forte sobre a sequência que Salaviza dará a Montanha.
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A primeira longa-metragem de João Salaviza é duma coerência total com o seu trabalho no formato curto, reconhecendo-se temas, persistências e procedimentos que já o interessavam. O que é particularmente notável é que se Montanha, até pela questão básica da duração, “expande” esse trabalho, também age numa espécie de contracção, de obstinação no essencial, sem medo (ou por outra, com o desejo vincado) de avançar pela rarefacção, alimentada (e muito bem) por um minimalismo minucioso tão atento às coisas tangíveis (o que é da ordem do “urbano”, dos espaços ao envolvimento sonoro) como às subtilezas psicológicas das personagens. Um “artesanato” emocional, mas também uma coreografia, um movimento desenvolvido numa paisagem citadina tratada como coro. Nesse sentido, e por paradoxal que pareça tratando-se duma “primeira-obra”, um ponto de chegada. Fica uma curiosidade forte sobre a sequência que Salaviza dará a Montanha.