Dívida e desemprego mantêm Portugal sob vigilância da UE

A Comissão Europeia anunciou quais os 18 países a que fará uma análise aprofundada dos seus desequilíbrios macroeconómicos. Portugal, mas também a Alemanha, estão entre eles.

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Portugal continua no radar das autoridades europeias AFP/PHILIPPE HUGUEN

Com metade dos indicadores analisados a darem sinais de alerta, Portugal vai continuar a ser, sem surpresas, um dos países que a Comissão Europeia pretende vigiar mais de perto para verificar se mantém desequilíbrios macroeconómicos e se precisa que lhe sejam feitas novas recomendações de políticas.

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Com metade dos indicadores analisados a darem sinais de alerta, Portugal vai continuar a ser, sem surpresas, um dos países que a Comissão Europeia pretende vigiar mais de perto para verificar se mantém desequilíbrios macroeconómicos e se precisa que lhe sejam feitas novas recomendações de políticas.

Depois de no passado mês de Fevereiro ter identificado Portugal como um dos países em situação de desequilíbrio macroeconómico excessivo e de ter feito diversas recomendações para a correcção dos problemas, Bruxelas continuou, na análise que marcou o início do processo de  coordenação das políticas económicas europeias para 2016, a ver motivos de preocupação nos indicadores que mostram que o país ainda está muito endividado, que no sector privado quer no público, e que apontam para um funcionamento deficiente do mercado de trabalho.

Por isso, a Comissão decidiu incluir Portugal no grupo de 18 Estados-membros que serão alvo de uma análise aprofundada dos seus desequilíbrios macroeconómicos. Em Fevereiro do ano que vem ficar-se-á a saber se Portugal e os outros 17 países são classificados pelo executivo europeu como tendo desequilíbrios excessivos e quais as recomendações de política que lhes são feitos. Em última análise, e em caso de reiterado incumprimento das recomendações feitas, um país em desequilíbrio pode ser alvo de multas.

Nesta primeira análise, publicada esta quinta-feira, a Comissão Europeia afirma que os dados económicos “destacam questões relacionadas com um elevado endividamento ao longo dos diversos sectores, mas com progressos na desalavancagem num contexto de melhoria lenta das condições económicas”.

O problema do endividamento nota-se em três indicadores em que são dados sinais de alerta. O primeiro é o da posição de investimento internacional, que mostra o endividamento líquido do país face ao estrangeiro e que continua em 113,3% do PIB, o terceiro valor mais elevado na União Europeia apenas atrás da Grécia e de Chipre. É certo que o défice externo anual foi anulado, mas o endividamento acumulado continua a ser muito elevado.

Os segundo e terceiro sinais de alerta são o endividamento do sector público e do sector privado, que atingem os 130,2% e os 189,6% do PIB respectivamente.

Os outros quatro indicadores em que são identificados problemas sérios estão todos relacionados com o mercado de trabalho: a média dos últimos três anos da taxa de desemprego (que foi de 15,4%), a variação da taxa de actividade nos últimos três anos (que foi de -0,4 pontos percentuais), a variação da taxa de desemprego de longa duração nos últimos três anos (que foi de 2,2 pontos percentuais) e a variação da taxa de desemprego entre os jovens nos últimos três anos (que foi de 4,5 pontos percentuais).

Portugal está, a par da Grécia e da Espanha, no segundo lugar do ranking dos países onde foram identificados mais sinais de alerta. Apenas Chipre, com 8 em 14, tem uma situação mais preocupante.

A Alemanha também se mantém no grupo de países que serão alvo de uma análise mais aprofundada. Neste caso, tal como acontece também com a Holanda, o problema está no excedente com o exterior que é considerado demasiado elevado, tendo atingido os 6,9% do PIB em 2014. A Comissão avisa que na Alemanha existe “uma forte dependência da procura externa” que acarreta “riscos ao crescimento” e revela “a necessidade para um continuado reequilíbrio na direcção de fontes internas”.