Licínio de Azevedo e o cinema de Moçambique em retrospectiva
Cinemateca Portuguesa apresenta durante Dezembro obra do cineasta e escritor brasileiro radicado naquele país africano.
É caso raro podermos assistir à retrospectiva integral de um cineasta africano ainda em actividade. Razão mais do que suficiente para referir o ciclo dedicado pela Cinemateca Portuguesa, a partir do próximo dia 1, a Licínio de Azevedo (n. 1951), realizador de Virgem Margarida, sob o genérico O Espírito do Lugar – Licínio de Azevedo, Cineasta de Moçambique. Ao longo de todo o mês de Dezembro, serão apresentadas as mais de duas dezenas de obras, entre curtas e longas-metragens, ora documentários ora ficções, que o cineasta dirigiu ou co-escreveu a partir de 1986, filmes que se inscrevem numa ideia do cinema como indissociável do lugar e da cultura onde é pensado e realizado.
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É caso raro podermos assistir à retrospectiva integral de um cineasta africano ainda em actividade. Razão mais do que suficiente para referir o ciclo dedicado pela Cinemateca Portuguesa, a partir do próximo dia 1, a Licínio de Azevedo (n. 1951), realizador de Virgem Margarida, sob o genérico O Espírito do Lugar – Licínio de Azevedo, Cineasta de Moçambique. Ao longo de todo o mês de Dezembro, serão apresentadas as mais de duas dezenas de obras, entre curtas e longas-metragens, ora documentários ora ficções, que o cineasta dirigiu ou co-escreveu a partir de 1986, filmes que se inscrevem numa ideia do cinema como indissociável do lugar e da cultura onde é pensado e realizado.
Nascido no Brasil mas radicado em Moçambique desde 1977, altura em que ingressou no Instituto Nacional de Cinema daquele país a convite de Ruy Guerra, Azevedo começou por dedicar-se ao jornalismo no seu país natal, prestando especial atenção aos temas da América Latina. Após a sua instalação em Moçambique, onde contactou de perto com Jean Rouch e Jean-Luc Godard, a sua carreira tem-se desenrolado essencialmente entre a literatura e o cinema, mesmo que a singularidade da sua obra cinematográfica tenha limitado a sua divulgação entre nós; o ciclo da Cinemateca, apresentado nos formatos originais (formatos vídeo ou cópias digitais) será assim em grande parte uma revelação para o espectador interessado, num momento em que o trabalho cinematográfico realizado nos países africanos de língua portuguesa está a atrair a atenção de muitos estudiosos de cinema.
Do ciclo constam as suas cinco longas-metragens – A Guerra da Água (documentário, 1996), Mariana e a Lua (documentário, 1999), Desobediência (ficção, 2002), A Ilha dos Espíritos (documentário, 2009) e Virgem Margarida (ficção, 2012) – bem como o documentário que lhe foi dedicado por Margarida Cardoso, Crónicas de Moçambique (2011). Os filmes surgirão enquadrados pelas múltiplas curtas e médias que foi rodando, entre os quais a série de documentários de curta-metragem Histórias Comunitárias e dois títulos rodados para a BBC, Adeus RDA (1992) e A Árvore dos Antepassados (1996).
Licínio de Azevedo estará presente em Lisboa ao longo do ciclo para acompanhar algumas das projecções, a começar pela abertura oficial, esta terça-feira (dia 1 de Dezembro) às 21h30, com a exibição de Virgem Margarida, a única das suas obras a ter tido (breve) exibição comercial entre nós. O cineasta ultima neste momento uma nova longa de ficção, O Comboio de Sal e Açúcar, que foi um dos vencedores do laboratório de produção do festival de Locarno Open Doors em 2014. O programa completo da retrospectiva pode ser consultado em www.cinemateca.pt