Neeleman abre a porta a capital chinês na Azul e encaixa 424 milhões
Novo dono da TAP procura parceiros chineses para reforçar tesouraria e amortizar dívidas da sua empresa brasileira.
Depois da norte-americana United Airlines, o grupo chinês HNA também vai entrar para a lista dos accionistas da Azul Linhas Aéreas, a transportadora brasileira de David Neeleman, o sócio de Humberto Pedrosa na TAP.
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Depois da norte-americana United Airlines, o grupo chinês HNA também vai entrar para a lista dos accionistas da Azul Linhas Aéreas, a transportadora brasileira de David Neeleman, o sócio de Humberto Pedrosa na TAP.
A Azul é detida pela DGN, a empresa que se juntou à HPGB (a holding de Humberto Pedrosa) para formar a Atlantic Gateway, o consórcio que comprou 61% da TAP.
Enquanto a United Airlines comprou uma posição de 5% na Azul (por cerca de 100 milhões de dólares ou 89 milhões de euros), o HNA Group vai comprar 23,7% da empresa de Neeleman por 450 milhões de dólares (423 milhões de euros). Com isto, o conglomerado que detém a Hainan Airlines (que também tem como accionista indirecto o Governo da província chinesa de Hainan) garante um lugar no conselho de administração da Azul.
A Azul sublinha que o investimento avalia a empresa em sete mil milhões de reais (cerca de 1,7 mil milhões de euros), convertendo-a na mais valiosa do mercado brasileiro. O reforço da tesouraria, a renovação da frota e a amortização de dívidas foram algumas das vantagens do negócio realçadas num comunicado divulgado pela empresa de David Neeleman. A Azul admite ainda a possibilidade de vir a entrar no mercado asiático através, por exemplo, de acordos de partilha de voos com a Hainan (que tem sede no aeroporto internacional de Haikou Meilan). O objectivo deste investimento é beneficiar do crescente número de passageiros que circula entre a China e o Brasil, revelou a empresa.
Em declarações à Reuters, o presidente da companhia brasileira, Antonoaldo Neves, sublinhou que esta injecção de capital chinesa permite à Azul ganhar tempo até finalmente conseguir dispersar capital em bolsa (IPO, na sigla em inglês), uma operação que a empresa já tentou três vezes, sem sucesso. A última foi em Junho, pouco antes de vender 5% do capital à United Airlines.
“Não estávamos com pressão pelo IPO mas agora isso nos dá um prazo ainda maior”, disse Neves. O negócio também garantirá à Azul sinergias na compra, leasing, manutenção e seguros de aeronaves, uma vez que o grupo HNA também tem actividade de financiamento, adiantou o responsável. A actividade do grupo HNA vai além da aviação, já que também está presente nos sectores financeiro, industrial, logístico e do turismo.
A Azul inaugurou operações no Brasil em Dezembro de 2008 e começou com os voos directos para os Estados Unidos em 2014. A empresa diz ter “a maior malha aérea” do território brasileiro, “atendendo mais de 100 destinos com 864 descolagens diárias”, o que representa cerca de 32% do mercado. No entanto, à semelhança das suas congéneres, enfrenta dificuldades por causa da situação económica do país e da desvalorização do real face ao dólar, que pressiona os custos das empresas, num contexto de queda de passageiros.
Até Junho, a transportadora aérea registou prejuízos de 236 milhões de reais (aproximadamente 53 milhões de euros). Os resultados foram penalizados pelo agravamento de 25,8% dos custos dos serviços prestados (para 1,3 mil milhões de reais ou 292 milhões de euros), de acordo com a informação enviada pela empresa ao regulador da aviação civil brasileiro, ANAC.