Eagles of Death Metal: os terroristas entraram no camarim e mataram todos menos um
Na primeira entrevista depois dos atentados, o vocalista da banda norte-americana, Jesse Hughes, conta: “Um miúdo que se escondeu debaixo do meu casaco de cabedal [escapou].”
Na primeira entrevista depois dos atentados de Paris, Jesse Hughes, dos Eagles of Death Metal, conta que depois de a banda ter escapado do palco do Bataclan, os terroristas entraram nos camarins e ali morreram várias pessoas – uma delas escapou, “um miúdo que se escondeu debaixo do casaco de cabedal [de Hughes]”.
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Na primeira entrevista depois dos atentados de Paris, Jesse Hughes, dos Eagles of Death Metal, conta que depois de a banda ter escapado do palco do Bataclan, os terroristas entraram nos camarins e ali morreram várias pessoas – uma delas escapou, “um miúdo que se escondeu debaixo do casaco de cabedal [de Hughes]”.
Numa conversa com Shane Smith, fundador da revista Vice, e cujo conteúdo integral será publicado nos próximos dias, um Jesse Hughes emocionado sentou-se ao lado de Josh Homme, co-fundador da banda e que não se encontrava em Paris no dia 13 de Novembro, para falar da noite em que o concerto se transformou num cenário de morte. “Várias pessoas esconderam-se no nosso camarim e os assassinos conseguiram entrar e mataram cada um deles, excepto um miúdo que se escondeu debaixo do meu casaco de cabedal”, disse pausadamente e com a voz entrecortada pela emoção. Jesse Hughes, vocalista e guitarrista dos Eagles of Death Metal, pormenorizou assim um dos aspectos até agora desconhecidos do ataque dos terroristas ao Bataclan, onde morreram 89 pessoas das 130 vitimadas pelos terroristas do Estado Islâmico nas acções concertadas de 13 de Novembro em Paris.
“As pessoas fingiam-se de mortas e estavam com tanto medo – um grande motivo por que tantos tenham sido mortos foi porque tanta gente não deixava os seus amigos. Tantas pessoas se puseram à frente de pessoas [para as proteger]”, recorda no breve excerto da entrevista em vídeo divulgada pela Vice no sábado.
No Bataclan, em Paris, cerca de 1200 pessoas assistiam ao concerto dos Eagles of Death Metal, uma banda californiana de blues rock/garage/stoner formada em 1998 na cidade de Palm Desert por Hughes e Homme (líder dos Queens of the Stone Age e ex-membro fundador dos Kyuss). A digressão dos Eagles of Death Metal, que entretanto foi cancelada e que passaria dia 10 de Dezembro por Lisboa, promovia o seu novo álbum, Zipper Down.
A banda tem sido apoiada publicamente por vários músicos, através de mensagens nas redes sociais, de presenças como a dos U2 nos memoriais espontâneos no Bataclan ou da interpretação de músicas suas em palco (os Pearl Jam tocaram em Belo Horizonte I want you so hard (boy's bad news) uma semana depois dos atentados) e pelos fãs, que lançaram uma campanha para tentar colocar a sua cover Save a prayer, dos Duran Duran, nos tops mundiais (conseguiu-o em várias lojas online de venda de música, mas no Reino Unido, o objectivo principal da iniciativa, o single ficou-se pela 53.ª posição da semana).
Na quinta-feira, o grupo falou pela primeira vez dos atentados num post na sua conta de Facebook em que endereçavam condolências aos amigos caídos nos atentados, entre os quais o responsável pelo merchandising Nick Alexander e os colegas da editora Thomas Ayad, Marie Mosser e Manu Perez, bem como aos “amigos e fãs cujas vidas foram levadas em Paris, bem como os seus amigos, familiares e entes queridos”. E lembraram aqueles que no concerto “se ajudaram mutuamente da melhor forma que podiam durante este horror inimaginável, provando mais uma vez que o amor sobrepõe-se ao ódio”. “Vive la musique, vive la liberté, vive la France, and vive EODM”, remataram.