Naufra´gio da humanidade
Crise dos refugiados é transversal e que promete colocar os países europeus a discutirem uma solução integrada
Todos os dias somos inundados pela comunicação social sobre notícias de naufrágios e mortos inocentes. Pessoas que fogem daquela que era até há bem pouco tempo a sua zona de conforto em busca de melhores condições de vida, do agora tão famoso sonho europeu. São iguais a nós e devemos estar bem cientes disso.
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Todos os dias somos inundados pela comunicação social sobre notícias de naufrágios e mortos inocentes. Pessoas que fogem daquela que era até há bem pouco tempo a sua zona de conforto em busca de melhores condições de vida, do agora tão famoso sonho europeu. São iguais a nós e devemos estar bem cientes disso.
Os refugiados constituem para a União Europeia um dos maiores desafios desde a constituição da mesma. Uma situação que pode colocar em causa os ideais económicos e culturais de muitos países, caso não seja encarada com elevação e seriedade.
A segurança é apontada como o principal factor dos críticos ao acolhimento dos refugiados nos países europeus. A pasta da Defesa tem como responsabilidade criar um controlo efectivo nas fronteiras de forma a prevenir cenários indesejáveis. Os refugiados não podem ser encarados como terroristas mas como pessoas que procuram o melhor para as suas famílias, passaram por muito para chegar até aqui e neste momento procuram condições de vida aceitáveis, contrariamente às que tinham nos seus países de origem.
De acordo com alguns dos princípios fundadores, a União Europeia foi criada para promover a paz, segurança, solidariedade e respeito mútuo entre os povos e protecção dos direitos humanos. Valores que hoje devem ser tidos em conta quando abordamos a crise dos refugiados.
Portugal não pode fugir desta discussão. O povo português é conhecido pela sua capacidade de emigração e sempre gostámos de ser bem acolhidos nos países para onde procurávamos melhores condições. O caso dos retornados pós-25 de Abril prova que Portugal é um país de bem receber e que também nós já fomos refugiados.
A Europa não deve encontrar respostas para este desafio sozinha. Os Estados Unidos, China e Rússia devem ser chamados à mesa de negociações para juntos criarem uma agenda para os refugiados. Engane-se quem acha que basta criarmos contextos favoráveis ao acolhimento dos refugiados, devemos sim solucionar a crise dos refugiados através da criação de mecanismos que combatem o problema de base. A falta de condições dos países de origem. Só assim será possível acautelar um aumento considerável do fluxo de refugiados para os nossos países.
A crise de valores que se instalou nas nossas sociedades é responsável não só pela crise económica que hoje vivemos mas também pelas questões que se têm levantado quanto à aceitação dos refugiados na Europa. Sofremos de défice de solidariedade mas que tenhamos coragem de deixarmos de lado as divergências e diferenças sociais em prol de um bem maior.
Façamos votos para que todas estas mortes não tenham sido em vão, esperando que a ONU, em conjunto, com a UE possam criar uma Agenda para os refugiados e encontrar uma solução integrada para o maior desafio com que a Europa já se deparou.