Marcelo e a sofreguidão de Passos e Portas
A divisão à direita já atinge a candidatura do professor.
Primeiro, foi a ideia de que António Costa está a usurpar um poder que só pode e deve ser exercido por Passos Coelho. Seguiu-se a tese da ilegitimidade de um governo minoritário do PS, apoiado por PCP e Bloco. Depois o foco passou a incidir na falta de credibilidade dos acordos estabelecidos entre os três partidos de esquerda. Em consequência, surgiu o fantasma da instabilidade, antecâmara da reacção negativa dos mercados e da sempre temida hipótese de um segundo resgate. Estes têm sido os argumentos mais esgrimidos pela coligação PSD-CDS para manter mobilizadas as suas hostes e para tentar influenciar a decisão do Presidente da República sobre a formação do futuro governo. Isto, depois de a equipa liderada por Passos Coelho ter sido empossada, mas não ter logrado o apoio maioritário do Parlamento ao programa que aí apresentou e discutiu.
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Primeiro, foi a ideia de que António Costa está a usurpar um poder que só pode e deve ser exercido por Passos Coelho. Seguiu-se a tese da ilegitimidade de um governo minoritário do PS, apoiado por PCP e Bloco. Depois o foco passou a incidir na falta de credibilidade dos acordos estabelecidos entre os três partidos de esquerda. Em consequência, surgiu o fantasma da instabilidade, antecâmara da reacção negativa dos mercados e da sempre temida hipótese de um segundo resgate. Estes têm sido os argumentos mais esgrimidos pela coligação PSD-CDS para manter mobilizadas as suas hostes e para tentar influenciar a decisão do Presidente da República sobre a formação do futuro governo. Isto, depois de a equipa liderada por Passos Coelho ter sido empossada, mas não ter logrado o apoio maioritário do Parlamento ao programa que aí apresentou e discutiu.
Aqui chegados, o que sobra é uma sobreposição de argumentos que se foi fragilizando à medida que o último atrapalhou sempre o anterior, numa sofreguidão muito pouco consistente. Ainda se tentou a jogada de uma revisão constitucional sem viabilidade à partida, o que de certa forma ajudou a separar as águas no campo da direita. Neste momento, a PaF divide-se entre quem defende a indigitação de António Costa, embora com condições por parte do Presidente, e os que fazem finca-pé na continuação de um governo de gestão até às próximas legislativas. E é aqui que entram os recentes ataques à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, acusado de não subscrever a tão desejada “clarificação política” por parte do estado-maior dos dois partidos – ou seja, como Marcelo não se compromete com a estratégia de Passos e Portas (que passa pela realização de eleições na Primavera de 2016), estes ameaçam apoiar um candidato à medida. Ainda é cedo para antecipar o fim de um braço-de-ferro com o mais conhecido professor do país, mas, em qualquer circunstância, será sempre um erro com consequências avassaladoras para os dois partidos.