Contra a paz ou contra a ocupação ilegal?
Ao tomar medidas para acabar com o sofrimento dos palestinianos no estado ocupado da Palestina, a UE está, de facto, a proteger os seus valores.
No dia 17 de Novembro de 2015, o jornal PÚBLICO divulgou um artigo intitulado Rotular contra a paz, da autoria de Ben-Dror Yemini, um colunista do Yedioth Ahronoth, jornal diário israelita que é uma plataforma de defesa da ocupação militar israelita na Palestina.
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No dia 17 de Novembro de 2015, o jornal PÚBLICO divulgou um artigo intitulado Rotular contra a paz, da autoria de Ben-Dror Yemini, um colunista do Yedioth Ahronoth, jornal diário israelita que é uma plataforma de defesa da ocupação militar israelita na Palestina.
Espero que um europeu preocupado desafie este artigo, porque, em palavras simples, está embebido em lágrimas de crocodilo e cheio de insultos à inteligência europeia. Inteligência esta que decidiu dar um passo corajoso ao rotular os produtos de colonatos como uma tentativa de Israel passar de um estado anormal para um estado normal. Israel, com a sua atitude continuamente desafiadora da Lei Internacional e a comportar-se constantemente como se estivesse acima do Direito Internacional, tornou-se um Estado sem fronteiras ou capital reconhecidos internacionalmente. Consequentemente, "rotular contra a ocupação militar ilegal" deveria ser o título factual deste artigo.
Em 1973, Sharon, um ex-primeiro-ministro israelita, escreveu a Winston Churchill III, na época jornalista, uma carta que dizia: "Nós vamos fazer deles uma sanduíche de pastrami. Vamos colocar uma fatia de colonatos judaicos no meio dos palestinianos, e, em seguida, uma outra fatia de colonatos judaicos pela Cisjordânia toda, de modo a que, em 25 anos, nem as Nações Unidas, nem os EUA, nem ninguém, seja capaz de os separar ".
Esta carta de Sharon ilustra, explicitamente, a actual filosofia sionista de colonatos como meio para evitar o estabelecimento de um Estado palestiniano na terra palestiniana, ocupada pelo uso da força em 1967. Desde então, a ONU aprovou dezenas de resoluções pedindo a Israel para retirar as suas forças da Palestina, reverter a sua decisão ilegal de anexar a Jerusalém Oriental ocupada e parar todas as suas acções ilegais de construção de colonatos em territórios ocupados, mas sempre sem sucesso. O Tribunal Internacional de Justiça declarou, em Julho de 2004, que "os colonatos israelitas nos territórios palestinianos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, foram estabelecidos em violação do Direito Internacional".
Na verdade, a principal razão da mais recente revolta palestiniana em cada metro de território do Estado Ocupado da Palestina é uma resposta às mentiras sionistas, uma delas é o artigo em questão, acima referido. Porque, como eu mencionei anteriormente, esta revolta da juventude palestiniana é um grito pela liberdade do cativeiro e da escravidão consequentes da ocupação militar israelita.
Netanyahu gastou, durante seus últimos três mandatos no cargo, mais de três mil milhões de dólares na sua máquina de propaganda contra o programa nuclear iraniano. Mas a sorte, para todos, foi que ficou provado que estava errado pelos líderes responsáveis de 5+1.
Por ter sido compensado desses prejuízos pelos seus aliados americanos, decidiu então reutilizar o mesmo orçamento para combater a cultura de sanções. A falecida ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher defendeu as sanções, como um meio para derrotar o apartheid na África do Sul, dizendo que "as sanções têm dentes".
Netanyahu sabe que, para si, não é a receita dos produtos de colonatos que importa, pois sabe que recebe remuneração de múltiplas fontes, mas o que importa, realmente, é a cultura de sanções, pois ele dirige um sistema de apartheid pior do que o que havia na África do Sul.
Os 600.000 colonos israelitas ilegais na Palestina ocupada roubam 50 milhões de metros cúbicos de água palestiniana para cultivar 86 km² de terra palestiniana, também ela roubada. Esta área cultivada e água consumida pelos colonos iria fornecer 100.000 oportunidades de emprego aos palestinianos ali. A ocupação militar israelita, com todas as suas medidas militares opressivas contra a vida dos palestinianos e o controlo do seu céu, terra e mar, custa à economia palestiniana mais de 7,8 mil milhões de dólares a cada ano. Tudo isto já para não falar das centenas de milhares de palestinianos que ficaram desempregados devido à política de opressão da ocupação israelita. Israel, o poder ocupante, apenas permite 30.000 postos de trabalho em Israel e nos colonatos, ao abrigo de condições de escravidão flagrantes.
Ao tomar medidas para acabar com o sofrimento dos palestinianos no estado ocupado da Palestina, a UE está, de facto, a proteger os seus valores, no cerne da qual se encontram os Direitos Humanos.
Embaixador da Palestina