Portugal é o segundo país da UE com menos literacia financeira, indica estudo
Análise da Standard & Poor’s analisa conceitos como juros e inflação.
Três quartos dos adultos em Portugal têm dificuldades em calcular taxas de juro, fazer as contas ao impacto da inflação ou desconhecem o conceito de diversificação de risco. De acordo com um estudo da agência de notação Standard & Poor’s, Portugal é o segundo país da União Europeia com menos literacia financeira, à frente apenas da Roménia.
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Três quartos dos adultos em Portugal têm dificuldades em calcular taxas de juro, fazer as contas ao impacto da inflação ou desconhecem o conceito de diversificação de risco. De acordo com um estudo da agência de notação Standard & Poor’s, Portugal é o segundo país da União Europeia com menos literacia financeira, à frente apenas da Roménia.
No topo da tabela estão a Noruega, a Dinamarca, o Reino Unido, a Alemanha e a Holanda, todos países em que mais de 65% dos adultos foi considerado como tendo literacia financeira. Em Portugal, este valor é de 26%. Fora da Europa, os países com melhor classificação são os EUA, Canadá e Austrália, embora abaixo dos países europeus que estão nas melhores posições.
As conclusões foram tiradas dos resultados de um curto questionário feito para medir quatro conceitos: diversificação de risco, inflação, juro e juro composto (em que os juros de um período são adicionados ao capital e usados para calcular os juros do período seguinte). Eram considerados como tendo literacia financeira as pessoas que tivessem respondido de forma correcta a pelo menos três das cinco questões colocadas. O questionário pode ser feito online.
O relatório alerta para a importância deste tipo de conhecimentos, numa altura em que abundam produtos financeiros complexos, que nem sempre são compreendidos por quem neles aplica dinheiro. “Por exemplo, com os governos de muitos países a impulsionarem o acesso a serviços financeiros, está a crescer rapidamente o número de pessoas com contas bancárias e acesso a produtos de crédito. Para além disso, as mudanças nas pensões transferem a responsabilidade da decisão para pessoas que antes confiavam nos empregadores ou nos governos para a sua segurança financeira após a reforma”. Em Portugal, representantes do grupo de lesados do BES têm argumentado que a maioria das pessoas que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo não sabia onde estavam a colocar o dinheiro.
A nível global, o estudo encontra as separações demográficas que se aplicam tipicamente a qualquer tipo de literacia, financeira ou outra – as economias mais evoluídas têm mais literacia financeira, as mulheres menos do que os homens, os pobres menos do que a restante população.
A análise destaca ainda que em Portugal – tal como na China, Vietname e Coreia do Sul – a literacia é muito superior entre os jovens adultos do que entre as pessoas mais velhas. Neste caso, porém, a medição foi feita através dos resultados do PISA, um programa da OCDE que analista, entre outras, as competências matemáticas.