Sucursais ganham peso nos activos internacionais dos bancos portugueses
Banco de Portugal publica dados sobre exposição ao risco dos bancos na actividade internacional.
Os activos locais das filiais e sucursais dos bancos portugueses no estrangeiro – depósitos, empréstimos e títulos – estão a aumentar o seu peso no conjunto dos activos internacionais das instituições. O supervisor passou a incluir no seu boletim mensal novas estatísticas que ajudam a caracterizar a exposição dos bancos aos riscos na sua actividade internacional.
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Os activos locais das filiais e sucursais dos bancos portugueses no estrangeiro – depósitos, empréstimos e títulos – estão a aumentar o seu peso no conjunto dos activos internacionais das instituições. O supervisor passou a incluir no seu boletim mensal novas estatísticas que ajudam a caracterizar a exposição dos bancos aos riscos na sua actividade internacional.
No final do segundo trimestre deste ano, os activos locais dos bancos portugueses já representavam mais de metade do total (52%). Este valor, que diz respeito ao universo de activos com “risco de última instância”, tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos por causa da “importância relativa” da actividade das filiais dos bancos portugueses fora de portas, sobretudo em Angola, Moçambique, Espanha e Polónia.
Os dados dizem respeito apenas aos grupos bancários com sede em Portugal e os seus “braços” no estrangeiro (ficando de fora os bancos de outros países que estão presentes no mercado português). O objectivo passa por medir riscos externos – por exemplo, em relação a um empréstimo concedido por um banco português em que a contraparte desse activo (a entidade que garante o cumprimento do contrato) não é Portugal.
No caso de uma filial ou sucursal de um banco português, contam para as estatísticas os activos financeiros em que a contraparte é esse mesmo país ou um outro país estrangeiro.
Um caso concreto: as estatísticas têm em conta os empréstimos de uma sucursal de um banco português em Espanha se a contraparte desses activos estiver em Espanha ou França. No entanto, um activo já não é contabilizado para estas estatísticas se a sucursal do banco português em Espanha concede um empréstimo em que o país contraparte é Portugal.
Estes riscos são classificados de duas formas: riscos imediatos, quando a entidade que garante o contrato imediatamente é a mesma com a qual o banco celebrou o contrato; ou riscos de última instância, quando um terceiro interveniente garante o cumprimento do contrato (em substituição da entidade que, em primeira instância, é contraparte do contrato celebrado com o banco).
Segundo o supervisor liderado por Carlos Costa, o universo de activos internacionais classificados numa óptica de risco imediato era de 86.844 milhões de euros no final do segundo trimestre. Este valor reduziu-se em cerca de um terço face a valores registados em 2010, depois de se ter registado um aumento do valor da posição dos activos internacionais. “A evolução registada foi sobretudo determinada pela componente ‘activos externos e activos locais das sucursais e filiais em moeda estrangeira’, que é também a que tem o peso mais significativo no total” dos activos, sublinha o banco central.
Dos quase 87 mil milhões de euros de activos considerados de “risco imediato”, 43% referem-se a activos em que a contraparte é um país da zona euro, um valor equivalente a 37.535 milhões de euros.
Pela exposição a Angola e Moçambique, uma fatia importante de 19%, está nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), o equivalente a 16.408 milhões de euros. E há 6% de activos internacionais em que a contraparte é um offshore. São 4987 mil milhões de euros. A percentagem é ligeiramente superior à dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), bloco que representa 5% do total (3920 mil milhões de euros).