Portugal emitiu 1500 milhões de dívida com taxas de juro negativas

É a primeira vez que o país consegue juros abaixo de zero nos bilhetes de tesouro com prazo de 12 meses.

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A tendência dos juros tem sido de queda DANIEL MUNOZ/Reuters

Num contexto de incerteza política, Portugal emitiu 1500 milhões de euros de dívida com prazos de seis e 12 meses, que obtiveram juros negativos. Isto significa que o país acabará por devolver aos investidores menos dinheiro do que aquele que agora pediu emprestado.

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Num contexto de incerteza política, Portugal emitiu 1500 milhões de euros de dívida com prazos de seis e 12 meses, que obtiveram juros negativos. Isto significa que o país acabará por devolver aos investidores menos dinheiro do que aquele que agora pediu emprestado.

Foram colocados no mercado 1100 milhões de euros em bilhetes de tesouro a 12 meses, tendo sido a primeira vez que Portugal conseguiu taxas negativas neste prazo. A taxa de juro média é de -0,006%, abaixo dos 0,051% que tinham sido obtidos em Setembro.

Os restantes 400 milhões de euros correspondem a bilhetes do tesouro a seis meses, que obtiveram uma taxa média de -0,018%, também abaixo do anterior leilão, no qual a taxa ficara já abaixo de zero, nos -0,006%. Quanto mais curto for o prazo de reembolso, mais baixas tendem a ser os juros pedidos pelos investidores.

“Nestes leilões, Portugal atingiu níveis recorde para a sua dívida. As taxas são as mais baixas de sempre, o que é uma excelente notícia para a descida do custo médio do endividamento do país”, aponta o analista Filipe Silva, do Banco Carregosa, acrescentando que “mais uma vez a instabilidade política em torno da criação do próximo Governo não teve qualquer impacto”.

Também o analista Pedro Santos, da corretora XTB, refere que “a actual crise política interna não é suficiente para inverter a tendência descendente das taxas de curto prazo”. O analista diz que já era esperado que o leilão de dívida pública corresse bem: “Como era expectável, o leilão de dívida a seis e 12 meses revelou-se um bom negócio para o Tesouro português. As baixas taxas de juro patrocinadas pela intervenção do Banco Central Europeu permitem ao Estado português renovar a dívida com taxas de juro mais baixas.”