O maior destino turístico do mundo vai sofrer, mas a curto prazo

Indústria tem recuperado cada vez mais depressa as taxas de ocupação registadas antes de ataques terroristas

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Gonzalo Fuente/Reuters

A viagem de trabalho está agendada para os primeiros dias de Dezembro, mas o ataque terrorista levou Paula (nome fictício) a pensar duas vezes. “Ainda estamos indecisos, sem saber se vamos ou não”, conta. Não se trata de cancelar definitivamente, mas de adiar até “estar tudo mais calmo”, justifica. Está dividida. Por um lado, tem receio de novos atentados, por outro acredita que Paris “será por estes dias a cidade mais segura da Europa”.

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A viagem de trabalho está agendada para os primeiros dias de Dezembro, mas o ataque terrorista levou Paula (nome fictício) a pensar duas vezes. “Ainda estamos indecisos, sem saber se vamos ou não”, conta. Não se trata de cancelar definitivamente, mas de adiar até “estar tudo mais calmo”, justifica. Está dividida. Por um lado, tem receio de novos atentados, por outro acredita que Paris “será por estes dias a cidade mais segura da Europa”.

Na indústria do turismo, sobretudo de massas, a confiança e a segurança são factores determinantes para a escolha de um destino, mas a verdade é que o sector tem vindo a mostrar cada vez mais resiliência a acontecimentos como o de Paris. De acordo com a consultora Deloitte, nos últimos 15 anos tem recuperado as taxas de ocupação cada vez mais depressa. Depois do 11 de Setembro de 2001, os hotéis em Nova Iorque demoraram 34 meses a regressar à taxa anterior aos ataques nas torres gémeas. Em Madrid, a hotelaria recuperou 12 meses após os atentados de 11 de Março de 2004 nos comboios suburbanos da linha de Alcalá de Henares. Em Londres, nove meses depois do atentado bombista no metro, a 7 de Julho de 2005, a indústria regressou a taxas normais.

Ainda não há dados que permitam quantificar o tempo de recuperação (ou não) do atentado de 7 de Janeiro deste ano ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, apenas “indicações” de que a hotelaria sentiu impactos “no imediato”, sobretudo nas viagens de lazer. “Na última década, há uma mudança de mentalidade entre os consumidores e as empresas, com a emergência de uma cultura de ‘continuar com a vida normal’ em resposta ao terrorismo”, lê-se no estudo da Deloitte, que sublinha que esta é uma conclusão informal, não suportada por estudos concretos.

França é o país que recebe mais turistas no mundo: 84 milhões em 2014, de acordo com a Organização Mundial do Turismo, uma distância confortável dos Estados Unidos, o segundo destino mais importante com 75 milhões de visitantes internacionais. É também o quarto em captação de receitas (cerca de 51,6 mil milhões de euros).

A Euromonitor International prevê que Paris como destino de eleição, vai sofrer impactos a curto e a médio prazo, com alguns dos turistas (sobretudo americanos) a optarem por outras cidades europeias. Será nas viagens de negócio que as maiores consequências se verificarão. “Paris tem uma quota importante de turistas de negócios, que em 2014 representaram 38% das chegadas internacionais. O segmento de negócios é muito mais sensível aos riscos de segurança do que o de lazer”, disse recentemente Caroline Bremner, analista da Euromonitor. Esta empresa de estudos de mercado diz que, apesar de França ser o maior destino truístico do mundo, Paris representa menos de 20% do total das chegadas nos aeroportos.

Na segunda-feira, e no rescaldo dos atentados de sexta à noite, a Bolsa de Paris encerrou a cair 0,08%, com as empresas de aviação, hotelaria e transportes a registar maiores perdas. Mas ontem, o CAC 40, o índice que reúne as principais empresas cotadas, fechou a sessão a progredir 2,77%.