Retrato de Filipe IV pintado por Rubens reaparece
Há 50 anos que nada se sabia sobre o quadro. Agora, os seus donos anónimos vão pô-lo à venda na Feriarte, uma mostra de arte e antiguidades que decorre em Madrid a partir de sábado.
Um retrato de Filipe IV de Espanha e III de Portugal pintado por Rubens (1577-1640), e cujo paradeiro era desconhecido há 50 anos, reapareceu. A obra, único retrato do monarca feito pelo pintor barroco que sobreviveu até hoje, pertence a coleccionadores privados anónimos e vai ser posta à venda a partir de sábado, em Madrid.
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Um retrato de Filipe IV de Espanha e III de Portugal pintado por Rubens (1577-1640), e cujo paradeiro era desconhecido há 50 anos, reapareceu. A obra, único retrato do monarca feito pelo pintor barroco que sobreviveu até hoje, pertence a coleccionadores privados anónimos e vai ser posta à venda a partir de sábado, em Madrid.
Pintada em 1628-29, a obra retrata Filipe IV com 23 anos e estará à venda na Feriarte, uma mostra de arte e antiguidades que decorre na capital espanhola até 29 de Novembro. Ao jornal espanhol El País, o secretário de Estado da Cultura espanhol, José María Lassalle, disse que “não é descartável que o Governo e o Museu do Prado optem por adquirir a obra”.
Mercè Ros, historiadora de arte e galerista responsável pela venda da pintura, explicou ao mesmo órgão de comunicação social que a importância dela prende-se não só com “o valor da obra em si, mas também [com] o que há fora do quadro, a história que o rodeia quando foi criado”.
A pintura faz parte de uma série de retratos feitos por Rubens em 1628-29, quando o artista flamengo se deslocou a Espanha a pedido do rei. Três desses quadros, incluído o preferido de Filipe IV, desapareceram num incêndio em 1734.
Esta não foi a primeira vez que este retrato esteve perdido. Quando Rubens morreu, em 1640, o seu trabalho esteve desaparecido durante mais de dois séculos e meio, e só viria a aparecer no início do século XX, para voltar a perder-se na década de 1960. “Quando morreu, Rubens deixou o quadro inventariado, mas não se voltou a saber dele até ao princípio do século XX, quando reapareceu nas mãos de uma família de Kent (Inglaterra) e a quem o britânico H. M. Clark a comprou”, explicou ao El País Merè Ros. Foi nessa altura, “nos anos vinte, que o historiador August L. Mayer o contemplou e registou na Burlington Magazine. Em 1926, o famoso negociador norte-americano Joseph Duveen adquiriu o quadro: em 1929, vendeu-o aos milionários Vanderbilt por 160.000 dólares”, continuou a historiadora de arte.
Finalmente, nos anos 1960, a obra passou para as mãos do milionário Otto Eitel. Do quadro existem diversas cópias, hoje expostas em museus como o Hermitage em São Petersburgo (Rússia), o Carnegie Museum of Art em Pittsburgh (EUA) e o Alte Pinakothek em Munique (Alemanha).
Segundo o relato feito pela própria ao El País, Mercè Ros foi contactada pelos donos do quadro há um ano, que estavam convencidos de que a obra era de Rubens e queriam vendê-la. A historiadora de arte investigou a história da pintura e confirmou a sua originalidade. Enquanto não é vendido, o Filipe IV de Rubens estará exposto na feira madrilena entre 21 e 29 de Novembro, para todos aqueles que o quiserem apreciar.