Uma colónia de insectos comestíveis para ter na cozinha
"The Hive" é o nome do produto, desenvolvido nos EUA, que permite a criação de insectos comestíveis em qualquer lugar. Projecto tem campanha de "crowdfunding"
Parece um dispensador de alimentos, com as suas oito gavetas prateadas e uma estrutura branca. Mistura-se com os “gadgets” de cozinha e, a menos que se espreite para dentro de uma das gavetas, passa despercebido. Mas o interior do “The Hive” foi desenvolvido para acolher insectos comestíveis, em todas as fases de crescimento. O objectivo? Permitir a criação destes pequenos animais, fonte de proteína e protagonistas de uma “revolução alimentar” que tem dado que falar nos últimos anos.
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Parece um dispensador de alimentos, com as suas oito gavetas prateadas e uma estrutura branca. Mistura-se com os “gadgets” de cozinha e, a menos que se espreite para dentro de uma das gavetas, passa despercebido. Mas o interior do “The Hive” foi desenvolvido para acolher insectos comestíveis, em todas as fases de crescimento. O objectivo? Permitir a criação destes pequenos animais, fonte de proteína e protagonistas de uma “revolução alimentar” que tem dado que falar nos últimos anos.
As designers Katharina Unger e Julia Kaisinger sempre se interessaram por saber de onde vinha a comida que compravam e preparavam. Se é possível plantar, colher e comer frutas e vegetais — com muitas opções disponíveis para meios urbanos —, porque não criar a proteína? Foi a pensar nisso que decidiram desenvolver uma colónia para insectos comestíveis e criar a empresa Livin farms.
As oito gavetas alojam insectos em diferentes estados de crescimento, desde larvas até adultos. As crisálidas são adicionadas à gaveta superior, onde se transformam em insectos adultos que acasalam e põem ovos. O “The Hive” está desenhado para que os ovos caiam para as gavetas inferiores, onde se desenvolvem até serem larvas. Os insectos podem ser alimentados com cereais ou restos de vegetais da própria cozinha — o que evita o desperdício. Uma ventoinha, filtros e um sistema de ventilação impede que os cheiros se espalhem pela cozinha.
Para colher os insectos apenas é necessário pressionar um botão, que utiliza vibração para separar os comestíveis das crisálidas e do lixo. Antes de serem cozinhados, os animais podem ser congelados. Cada colheita deve gerar entre 200 a 500 gramas de insectos.
Ao site de tendências Dezeen, Katharina Unger garantiu que “a proteína de cada colheita será equivalente àquela encontrada na mesma quantidade de carne”. Isto utilizando “significativamente menos espaço, água e energia” em todas as fases de produção. “As larvas também produzem muito pouco dióxido de carbono, quando comparadas com o gado”, sublinhou.
Para viabilizarem o projecto, as duas jovens apostaram numa campanha de “crowdfunding” na plataforma Kickstarter: esperam angariar 100.000 dólares (cerca de 92.670 euros) até 9 de Janeiro de 2016. O produto, que deverá estar disponível no mercado em Novembro do próximo ano, terá um preço de 449 dólares (416 euros).
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgados em 2013, dois biliões de pessoas já incluem insectos na sua dieta alimentar tradicional. Identificadas estão 1900 espécies de insectos comestíveis, sendo os escaravelhos os mais comuns (31%). A FAO defende o consumo de insectos como forma de responder ao “crescimento da população e à procura crescente de proteína animal por parte das classes médias”. A criação de insectos em ambiente doméstico pode ser uma das soluções, bem como a mudança de mentalidades. O trabalho de Susana Soares passa, precisamente, por aqui: a portuguesa faz patês de insectos em impressoras 3D, trabalhando o aspecto estético destes animais.