Elvira Fortunato integra grupo de aconselhamento científico da Comissão Europeia

Sete peritos de topo de áreas como a física, a saúde, a sociologia ou a climatologia formam a Estrutura de Aconselhamento Científico para emitir pareceres independentes.

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Elvira Fortunato com o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva na inauguração do I3N Enric Vives-Rubio

A investigadora portuguesa Elvira Fortunato é um dos sete peritos de topo que integram a nova Estrutura de Aconselhamento Científico (EAC) da Comissão Europeia, criada para emitir pareceres independentes sobre questões científicas importantes para a comissão e para a União Europeia (UE), soube-se nesta terça-feira.

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A investigadora portuguesa Elvira Fortunato é um dos sete peritos de topo que integram a nova Estrutura de Aconselhamento Científico (EAC) da Comissão Europeia, criada para emitir pareceres independentes sobre questões científicas importantes para a comissão e para a União Europeia (UE), soube-se nesta terça-feira.

A EAC foi uma criação do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em Maio de 2015, depois de ter extinguido em Novembro de 2014 a posição de conselheiro científico principal, criada pela anterior Comissão de Durão Barroso. A bióloga escocesa Anne Glover, então conselheira científica, foi criticada por organizações não-governamentais ambientalistas pela posição que tomou em relação ao uso dos alimentos geneticamente modificados, defendendo – depois de ter estudado o tema – que esta biotecnologia não apresentava mais riscos do que as tecnologias tradicionais de melhoramento de plantas.

Como resposta, a Comissão Europeia criou um grupo de especialistas de áreas diferentes, evitando a existência de uma voz única na avaliação de questões científicas importantes, que podem gerar controvérsia.

Os sete cientistas – ou o Grupo de Alto Nível –, que não estarão em Bruxelas, terão o apoio de um secretariado tutelado pela Comissão de Investigação, Ciência e Inovação, liderada por Carlos Moedas, com seis milhões de euros anuais para gerir. “Os sete cientistas excepcionais que nomeei para o grupo vão elevar a um novo nível a prática do aconselhamento científico independente na política da Comissão”, diz Carlos Moedas, em comunicado. “A Comissão Europeia vai contar com o seu aconselhamento independente para várias questões políticas complexas, nas quais é necessária informação científica de alto nível.”

Na lista, há nomes mais conhecidos e outros menos conhecidos, mas que reúnem valências distintas. Rolf-Dieter Heuer, físico alemão e director-geral do CERN (Laboratório Europeu de Física de Partículas, em Genebra) até ao final deste ano, é um dos sete. O famoso matemático francês Cédric Villani, que em 2010 recebeu a medalha Fields, director do Instituto Henri Poincaré, em Paris, também integra o grupo. Julia Slingo, cientista-chefe do Met Office britânico (equivalente ao nosso Instituto Português do Mar e da Atmosfera), representará a área da climatologia.

Da Holanda vem Pearl Dykstra, professora de sociologia da Universidade Erasmus de Roterdão, especialista em solidariedade entre gerações, famílias e envelhecimento das sociedades. Janusz M. Bujnicki, da Polónia, é chefe do Laboratório de Bioinformática e Engenharia de Proteínas no Instituto Internacional de Biologia Celular e Molecular, em Varsóvia. E Henrik C. Wegener, dinamarquês, é doutorado em microbiologia e foi director do Instituto Nacional de Alimentação, na Dinamarca.

Finalmente, Elvira Fortunato, é especialista em engenharia de materiais e professora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, além de ser directora do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N). Entre 2012 e 2015, teve uma experiência semelhante, fazendo parte do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.

De fora, ficaram especialistas em áreas do saber como a história ou a geografia política, que se centram em temas que afectam as sociedades actuais, ou como a informática, um assunto emergente que influencia cada vez mais a vida dos europeus.

A escolha destes sete membros foi feita a partir de 162 candidatos apresentados por academias ou fundações dos vários países da UE, avaliados por um comité independente, designado previamente pela Comissão, e formado por Rianne Letschert, professora holandesa em direito internacional e vitimologia, David King, químico emérito do Reino Unido, e o político português da ala socialista António Vitorino. O comité recomendou uma lista de sete candidatos que foi aprovada por Carlos Moedas.

Os assuntos tratados pela EAC podem ser questões urgentes, como a epidemia do vírus do ébola, temas que estão a ser tratados a nível legislativo, numa das várias comissões da Comissão Europeia, ou assuntos que a própria EAC identifique como relevantes para a UE, e que poderão ser analisados com mais tempo.  

“O objectivo do EAC é assegurar que a comissão tenha acesso ao melhor aconselhamento científico possível, independente de interesses políticos ou institucionais”, lê-se no comunicado. “Irá reunir provas e conhecimento de fundo vindos de várias experiências e abordagens, tendo em consideração as especificidades da política da UE, e irá assegurar a transparência.”

A primeira reunião do grupo está prevista para Janeiro de 2016.