Igreja insiste na rejeição da adopção de crianças por casais do mesmo sexo

No discurso de abertura da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Clemente referiu-se a um tema que deverá voltar a ser debatido no Parlamento nos próximos dias.

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Nuno Ferreira Santos

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) insistiu nesta segunda-feira na rejeição da adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Todos ganham “se forem tidos em conta os princípios do pensamento social cristão”, disse.

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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) insistiu nesta segunda-feira na rejeição da adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Todos ganham “se forem tidos em conta os princípios do pensamento social cristão”, disse.

“Trata-se, em suma, de salvaguardar a vida humana em todas as suas fases, da concepção à morte natural, da valorização da vida familiar e da educação dos filhos, com referência masculina e feminina de geração ou adopção”, afirmou o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, no discurso de abertura da assembleia plenária da CEP, em Fátima, no distrito de Santarém.

O Parlamento vai debater dentro de 10 dias projectos do BE, PS, PCP e PEV sobre a revogação das taxas moderadoras na interrupção voluntária de gravidez, a adopção por casais de homossexuais e reposição de feriados. Estes agendamentos foram decididos nesta segunda-feira em Conferência de Líderes, com a ressalva de que, em caso de rejeição do programa do Governo PSD/CDS-PP na terça-feira, a eventual apresentação do programa de um outro Governo terá prioridade sobre todos os outros agendamentos.

Os projectos de lei do BE, PS, PCP e PEV para revogar as alterações à legislação sobre a interrupção voluntária de gravidez aprovadas por PSD e CDS-PP no final da anterior legislatura e para permitir a adopção de crianças por casais de homossexuais vão ser debatidos no dia 19 de Novembro.

Ao referir-se ao momento actual da sociedade portuguesa, o presidente da CEP abordou ainda as “causas essenciais à dignidade humana”, dando como exemplos “a promoção do bem comum, a activação dos princípios da subsidiariedade e da solidariedade, respeitando e estimulando a iniciativa dos corpos intermédios da sociedade, para o bem de todos”.

A este propósito, Manuel Clemente apontou, igualmente, a necessidade de “superação de situações gritantes de desigualdade e pobreza, do apoio aos mais frágeis, em particular aos nascituros, às mães gestantes e às famílias”.

Por outro lado,  destacou a importância “de satisfazer as necessidades primárias de educação, saúde, segurança social, trabalho e emprego, de promover uma vida empresarial criativa e solidária, de acolher imigrantes ou refugiados”.

A assembleia plenária da CEP, órgão máximo da Igreja portuguesa, decorre até quinta-feira. Entre os assuntos em debate estão a reflexão relativa ao Sínodo dos Bispos sobre a família e as propostas pastorais decorrentes da visita que o episcopado fez ao Papa.

Sobre a família, Manuel Clemente, citando o Papa Francisco, referiu que “uma grande desagregação sociocultural atinge actualmente sociedades inteiras, ‘descartando’ indivíduos e grupos que ficam tragicamente esquecidos por uma globalização que os não considera nem inclui”.

“Tudo isto reclama uma resposta integradora que só a família pode dar na raiz, como base indispensável da sociabilidade geral”, defendeu o presidente da CEP, prometendo que a Igreja Católica tudo fará “para tornar as comunidades cristãs em autênticas ‘famílias de famílias’”.