Passos desafia Jerónimo a mostrar que é “farinha” diferente do PS

Líder do PCP acusa Governo de aplicar a austeridade "por opção política".

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Jerónimo de Sousa Miguel Manso

Mais do que por “crueldade ou má-fé”, o Governo de Pedro Passos Coelho aplicou tamanha austeridade em Portugal por “opção política”, acusou Jerónimo de Sousa, contrariando o que o primeiro-ministro justificara na sua intervenção de abertura – que se deveu à situação de bancarrota do país.

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Mais do que por “crueldade ou má-fé”, o Governo de Pedro Passos Coelho aplicou tamanha austeridade em Portugal por “opção política”, acusou Jerónimo de Sousa, contrariando o que o primeiro-ministro justificara na sua intervenção de abertura – que se deveu à situação de bancarrota do país.

Jerónimo de Sousa falou no desemprego, na pobreza, na desigualdade social, nos privilégios para os grandes grupos económicos e nos impostos e na redução de rendimentos para os mais pobres, lembrou os milhares de milhões de euros entregues à banca sem garantias de os receber de volta; e classificou o programa de governo como uma “continuidade” das políticas seguidas nos últimos quatro anos. “A realidade do país confirma as muitas razões para que o Governo do PSD não entre em funções”, vaticinou.

Na resposta, Pedro Passos Coelho vincou não ser opção do Governo – e disse-o três vezes – “andar a nacionalizar a banca e nessa medida a socializar as perdas privadas”. E aproveitou para acusar o PCP de “não se importar de impor um custo maior aos portugueses e ao país” para controlar os bancos. Mas Passos diz não querer “mandar nos bancos”, preferindo “acautelar a sua estabilidade, evitando a sua nacionalização”.

O primeiro-ministro partiu depois para a provocação: disse “aguardar com toda a curiosidade” para ver como PCP e PS se vão entender na questão do euro, lembrando que os eurodeputados comunistas andaram em Bruxelas a defender o apoio de Bruxelas aos países que de forma voluntária ou forçada saiam do euro.

E ainda lembrou que, nos últimos anos, o PCP alegou com insistência que PS e PSD são “farinha do mesmo saco”. Passos espera agora pelo acordo entre socialistas e comunistas para ver que políticas económicas que o PCP tem defendido para Portugal e que não são partilhadas pelo PS poderão ser aproveitadas para o futuro governo – o mesmo em que o PCP não pensa em lugares, apenas em políticas.

"Não à continuidade", diz PEV
Heloísa Apolónia, de Os Verdes, voltou ao tema da legitimidade do Governo, já levantado pelo PS e BE, ao sustentar que as legislativas “servem para eleger 230 deputados e não para eleger um primeiro-ministro”. A deputada, que foi eleita pelas listas do PCP, defendeu que a coligação PSD/CDS propôs uma política de continuidade. “Foi isso que os portugueses disseram que não querem”, afirmou, centrando a sua intervenção na crítica às consequências negativas geradas pela governação de Passos Coelho.

O primeiro-ministro reconheceu que a coligação não teve maioria absoluta. Mas contrapôs: “A Constituição não diz que só se pode governar com maioria absoluta. E é por isso é que a tradição que se viveu até hoje foram os partidos que ganharam eleições formaram Governo”.

Passos Coelho argumentou que a coligação PSD/CDS não falhou nos seus objectivos e considerou que se deve valorizar a vitória eleitoral depois de um “programa tão difícil”. E lembrou que não foram nem o PCP e nem  o BE os partidos mais escolhidos pelos eleitores.