Passos anuncia oposição a “jogadas políticas de poder”

Discurso de abertura de debate do programa de governo recebeu um forte aplauso dos deputados do PSD e do CDS.

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Passos Coelho na intervenção inicial do debate sobre o programa de governo Miguel Manso

O primeiro-ministro criticou a demora da conclusão dos acordos de governação à esquerda, assumiu que não vai colaborar com um futuro executivo liderado por António Costa, que classificou como uma “política de ruína de Portugal" e em que "os portugueses são vistos como meros instrumentos de jogadas de poder”.

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O primeiro-ministro criticou a demora da conclusão dos acordos de governação à esquerda, assumiu que não vai colaborar com um futuro executivo liderado por António Costa, que classificou como uma “política de ruína de Portugal" e em que "os portugueses são vistos como meros instrumentos de jogadas de poder”.

Na primeira intervenção no debate do programa de governo, Passos Coelho disse que assumirá as suas responsabilidades na oposição. “Assumo a responsabilidade de uma política positiva, ao serviço de portugueses, da recuperação do país e da credibilidade nacional. Assumo a responsabilidade de não colaborar e de me opor a uma política negativa, de ruína de Portugal, em que os portugueses são vistos como meros instrumentos de jogadas políticas de poder”, afirmou.

Depois de se referir às moções de rejeição ao programa anunciadas pelo PS, BE, PCP e PEV, Passos Coelho afirmou que essa intenção de chumbar um texto quando ainda não era conhecido “só pode presumir uma escolha prévia, tão radical quanto possível, no quadro formal do funcionamento democrática”.

Defendendo que foi a coligação PSD-CDS que obteve a maior expressão eleitoral nas legislativas, o líder social-democrata rebateu o argumento usado pela esquerda de que a posse do XX Constitucional era uma “perda de tempo”. “Nunca será qualquer perda de tempo mostrar respeito por essa escolha popular e assumir, com transparência e sem quaisquer subterfúgios, a responsabilidade de exercer escolhas diferentes, fundamentando-as e suportando-as no mandato parlamentar”, declarou.

Ouviram-se palmas das bancadas do PSD e do CDS quando Passos Coelho lembrou que só neste domingo houve notícia da conclusão dos acordos à esquerda que permitirão viabilizar um futuro governo PS: “Apenas ontem conseguiram encontrar supostamente uma alternativa a este programa e a este Governo, cujos termos políticos, segundo parece, só estarão disponíveis após a conclusão deste debate.”

Ao longo do discurso, Passos sublinhou a legitimidade eleitoral da coligação PSD-CDS. Reiterando a disponibilidade para compromissos, o chefe do Governo referiu-se à partilha de princípios europeus com o PS, o que forma no Parlamento “uma maioria maior, maior certamente do que quaisquer outras geometrias que se possam agora anunciar”.

Logo no início  do discurso, Passos Coelho disse não ignorar a situação política que considerou ser marcada pelo rompimento de “algumas convenções parlamentares de 40 anos de democracia” e afirmou olhar com “apreensão” para as “promessas de novas convenções que alguns partidos querem trazer para este mandato”.

Nos cerca de 40 minutos da intervenção, que terminou com uma forte ovação dos deputados do PSD e do CDS, Passos Coelho elenumerou encou as prioridades do Governo que lidera: a demografia, o combate às desigualdades sociais, a defesa do Estado social, a modernização administrativa, a reforma da Segurança Social e o reforço da competitividade da economia.