CDS acusa Costa de "tentar enlamear" Portas para disfarçar "ilegitimidade"
Ex-eurodeputado nega que o presidente do CDS tenha mudado de posição sobre a Europa para entrar no Governo em 2002.
O vice-presidente do CDS Diogo Feio acusou este domingo o secretário-geral socialista, António Costa, de "tentar enlamear" o líder centrista, dada a sua "ilegitimidade" para formar uma alternativa de Governo com o BE, PCP e PEV.
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O vice-presidente do CDS Diogo Feio acusou este domingo o secretário-geral socialista, António Costa, de "tentar enlamear" o líder centrista, dada a sua "ilegitimidade" para formar uma alternativa de Governo com o BE, PCP e PEV.
"António Costa tem dificuldades em explicar a legitimidade da solução que sugeriu e que não foi dada pelos eleitores, com argumentos falsos, num claro ataque ao CDS e ao seu presidente [Paulo Portas], dizendo que tinha mudado de posição sobre a Europa para entrar no Governo em 2002. É falso", disse Diogo Feio.
O dirigente do PP reagia, assim, às declarações do líder do PS, feitas neste sábado, na reunião da Comissão Nacional, que aprovou por uma confortável maioria, a proposta de programa de governo, que resulta das negociações com as três forças políticas à esquerda do partido. Costa apontou as posições antieuropeístas de Paulo Portas, acusando-o de “ser o campeão da luta antieuro, mas, em 2002 para poder ganhar um lugar no governo de Durão Barroso (…), tornou-se no protótipo do euro-oportunismo em Portugal”.
À Lusa, o ex-eurodeputado lembrou que o processo de abertura do CDS-PP à Europa começou em 1995, relativamente à União Europeia e à moeda única, precisamente através de uma moção do actual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. Além da tomada de posição há 10 anos, Portas e o seu partido protagonizaram uma "grande discussão sobre o Tratado de Amsterdão", em 1998, tendo como resultado uma "posição favorável", disse o ex-eurodeputado. A atestá-lo - disse - ficou a saída do antigo-presidente do partido, Manuel Monteiro, o qual formou posteriormente o Partido Nova Democracia, numa "cisão interna do CDS".
"Na altura, o CDS fez algo que não se vê acontecer no PCP ou no BE. Não se conhece qualquer documento em que assumam uma posição favorável ao euro ou ao Tratado Orçamental, pelo contrário. Isto é algo que é preocupante", continuou Diogo Feio.
O dirigente do CDS-PP criticou ainda o que considerou ser um "ataque pessoal" do líder socialista ao vice-primeiro-ministro do XX Governo Constitucional, devido ao facto de Portas ter afirmado que abdicaria da posição de vice-líder no caso da formação de um executivo tripartido (PSD, PS, CDS-PP).
"Há elementos naturais numa coligação de Governo, em virtude do peso específico de cada partido. Se o CDS tivesse perdido umas eleições, nunca se mostraria disponível para exercer o poder. Em 2005, Paulo Portas perdeu umas eleições e demitiu-se. Não ficou agarrado ao lugar. António Costa tem graves problemas de legitimidade, mas isso não lhe dá o direito de enlamear outros", concluiu.