Nameed já chegou a Penela e agradece poder ter uma “vida segura”
Sírio estava havia três anos num campo de refugiados no Egipto. Agora, quer “poder viver pacificamente” com os portugueses.
O sírio Fouad Ahmad Nameed, um dos 14 refugiados do Sudão e da Síria que chegaram neste sábado ao final do dia a Penela, distrito de Coimbra, fez questão de agradecer em português a possibilidade de ter uma “vida segura”.
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O sírio Fouad Ahmad Nameed, um dos 14 refugiados do Sudão e da Síria que chegaram neste sábado ao final do dia a Penela, distrito de Coimbra, fez questão de agradecer em português a possibilidade de ter uma “vida segura”.
“Obrigado”, disse no final de um breve encontro com jornalistas Fouad Nameed, que estava havia três anos num campo de refugiados no Egipto, juntamente com a sua mulher e os seus três filhos.
O grupo de refugiados chegou a Penela por volta das 18h00, depois de o avião onde viajavam ter aterrado no aeroporto de Lisboa ao início da tarde. Apesar do cansaço, Fouad Nameed mostrou-se disponível para falar com os jornalistas, afirmando que antes de chegar ao país que agora o acolhe já tinha uma “boa ideia” de Portugal, das suas paisagens, “das suas equipas de futebol” e das suas cidades.
“A vida é segura”, foi o que sentiu assim que chegou a Portugal. E classificou a guerra civil síria com um único adjectivo: “Horrível.”
Agora, já em Penela, e com o presidente da câmara a informar que a escola já está pronta para receber na segunda-feira as crianças destas famílias, Fouad afirmou que espera “aprender a língua desta terra” e “encontrar um bom emprego”.
“Quero poder viver pacificamente com este bom povo”, frisou o antigo gerente de um centro comercial de Alepo, acrescentando que não está optimista quanto a um regresso ao seu país.
Três das cinco famílias que vieram hoje do Cairo no âmbito do Programa Nacional de Reinstalação foram acolhidas em Penela, uma em Sintra e outra em Lisboa.
Neste concelho com cerca de seis mil habitantes, os refugiados vão ficar alojados em apartamentos de tipologia T3 e T4, devidamente equipados, propriedade do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, mas actualmente geridos pela Câmara Municipal de Penela, num complexo que já tem sete famílias portuguesas a viver.
“A palavra inclusão vai ser sinónimo de respeito e de responsabilidade na integração destas pessoas. Vêm de processos traumáticos e esperamos que Penela possa garantir todas as condições para que aqui possam ficar em paz e em segurança”, sublinhou o presidente da autarquia, Luís Matias.
Apesar de admitir que haverá alguma “preocupação” por parte da população, o autarca prefere destacar que, acima de tudo, “há uma enorme vontade de recolher e de receber estas pessoas. Ninguém fica indiferente” à situação.
O presidente da Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional, uma das entidades responsáveis pelo projecto de integração de refugiados em Penela, acredita que os habitantes e instituições de Penela vão dar uma “resposta fraterna” às famílias de refugiados sírios e sudaneses. O objectivo é que as famílias comecem já a aprender português e possam garantir a sua autonomia, disse Jaime Ramos.
Este grupo de refugiados chega a Portugal no âmbito da quota anual definida entre Portugal e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Em 2007, foram recebidas 15 pessoas e nos anos seguintes, 30. Em 2015 são cerca de 40.
Este é um processo diferente daquele que a União Europeia lidera face à crise das migrações em curso e que colocará em Portugal 4500 requerentes de protecção internacional nos próximos dois anos.
Em Penela, falta ainda uma família síria, de seis pessoas, que integra o grupo de outros 22 refugiados que ficaram retidos no Egipto, devido a uma greve da companhia aérea alemã Lufthansa. Segundo o director nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, esse grupo deverá chegar a Lisboa neste domingo.