Líder do PCP diz que há condições para “solução duradoura” à esquerda
O secretário-geral do PCP disse neste sábado haver uma maioria de deputados no Parlamento, que é "condição bastante" para formar um governo de iniciativa do PS e capaz de permitir "uma política que assegure uma solução duradoura".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O secretário-geral do PCP disse neste sábado haver uma maioria de deputados no Parlamento, que é "condição bastante" para formar um governo de iniciativa do PS e capaz de permitir "uma política que assegure uma solução duradoura".
"A evolução da situação confirma três factos. Primeiro: O PSD e o CDS-PP em minoria não têm condições para formar governo e aprovar o seu programa", disse Jerónimo de Sousa, num almoço-convívio com militantes do PCP na vila de Vidigueira, no distrito de Beja, no Alentejo.
Segundo facto, "há uma maioria de deputados, que constitui condição bastante para a formação de um governo de iniciativa do PS, que permita a apresentação de um programa, a entrada em funções para a adopção de uma política que assegure uma solução duradoura", prosseguiu Jerónimo de Sousa.
E, acrescentou o secretário-geral do PCP, "há condições para dar resposta urgente a problemas e aspirações dos trabalhadores e de vastas camadas da população vítimas da política de exploração e de empobrecimento dos últimos anos".
Segundo Jerónimo de Sousa, PSD e CDS-PP "estão a beber do veneno da sua própria mentira" de que as eleições legislativas do passado mês de Outubro serviam para eleger um primeiro-ministro.
"Bem dizíamo-nos [PCP] que estas eleições não eram para primeiro-ministro, não eram para eleger o governo, estas eleições eram para eleger 230 deputados, que, depois, conforme a sua arrumação na Assembleia da República, é que decidiriam qual o governo, qual o primeiro-ministro e que política é que deveria realizar", disse.
PSD e CDS-PP dizem que ficaram em primeiro e mereciam formar governo, "esquecendo esta coisa básica: há minorias e maiorias e, neste momento, o PSD e o CDS-PP estão em minoria e os outros partidos, no seu conjunto, podem criar condições, arrumando as forças, para uma outra solução de governo, uma outra política alternativa", afirmou.
Segundo Jerónimo de Sousa, PSD e CDS-PP "não querem aceitar que não há outra saída que não seja a de respeitar a vontade da maioria que existe na Assembleia da República, que recusa a continuação de um governo PSD/CDS-PP".
"Não querem aceitar que a única saída, conforme a constituição, é aquela que for a vontade expressa da maioria dos deputados na Assembleia da República e que Cavaco Silva terá também de respeitar", disse.
Jerónimo de Sousa disse que o PCP "não" foi para a "batalha" das negociações para formação de um governo à esquerda, "com toda a complexidade que coloca", "à procura de lugares" no governo.
"Para nós [PCP] o importante é saber que política é que esse governo futuro deve fazer e desse lado estaremos subscrevendo tudo aquilo que é positivo para os trabalhadores e para o povo, resistindo àquilo que é negativo e que não interessa ao povo português", disse.
Após o almoço, Jerónimo de Sousa esteve em Beringel, no concelho de Beja, onde reinaugurou o centro de trabalho do PCP naquela localidade e participou num magusto-convívio com militantes.
Na sua intervenção em Beringel, Jerónimo de Sousa disse que a "luta organizada" do PCP nos últimos quatro anos contribuiu para que a política de direita "fosse derrotada e hoje estivéssemos a discutir outros caminhos, outras soluções governativas e uma política diferente em correspondência com os sentimentos dos trabalhadores e do povo português".