Plano Nacional de Leitura termina em 2016
Programa para melhorar a cultura literária das crianças termina dez anos depois de ter sido criado.
O Plano Nacional de Leitura (PNL), criado em 2006 para melhorar a literacia dos portugueses, em particular dos mais novos, vai terminar em 2016, mas o comissário do PNL, Fernando Pinto do Amaral, espera que o projecto tenha continuidade.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Plano Nacional de Leitura (PNL), criado em 2006 para melhorar a literacia dos portugueses, em particular dos mais novos, vai terminar em 2016, mas o comissário do PNL, Fernando Pinto do Amaral, espera que o projecto tenha continuidade.
Em declarações à agência Lusa, à margem de uma conferência internacional promovida pelo PNL, a decorrer esta quinta-feira e sexta-feira, em Lisboa, Fernando Pinto do Amaral recordou que o Plano Nacional de Leitura terminará no verão de 2016, cumprindo-se o que ficou estabelecido em 2006, quando foi criado. Sem querer fazer qualquer outro comentário sobre o futuro do PNL, Fernando Pinto do Amaral apenas disse que faria sentido manter este projecto, que envolve sobretudo a comunidade escolar, com alunos, professores, educadores, encarregados de educação e bibliotecas.
Esta quinta-feira, na abertura da conferência internacional, na Fundação Calouste Gulbenkian, Fernando Pinto do Amaral disse que a estratégia de projectos como o PNL "não deve estar dependente de oscilações políticas e económicas". Actualmente com um orçamento de cerca de 500.000 euros - a repartir por todos os agrupamentos escolares do país -, o PNL foi criado em 2006 para melhorar as competências dos portugueses na leitura e na escrita e para incentivar os hábitos de leitura desde a primeira infância.
O PNL, criado com o alto patrocínio da Presidência da República, é "uma resposta institucional à preocupação pelos níveis de literacia da população em geral e em particular dos jovens, significativamente inferiores à média europeia", lê-se na resolução de conselho ministros de 2006. Além da realização de estudos, do trabalho de campo em todos os agrupamentos de escola, envolvendo municípios, a Rede de Bibliotecas Escolares, pais e alunos, outra das faces mais visíveis do PNL é a criação de listas anuais de livros, recomendados para leitura para diferentes níveis lectivos e em contexto escolar e familiar. O Plano Nacional de Leitura tem também organizado conferências internacionais com regularidade, para debater questões relacionadas com a promoção da leitura e do livro.
Esta quinta-feira, na abertura da oitava conferência, o director-geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Silvestre Lacerda, afirmou que o PNL precisa de se reinventar, sobretudo numa época marcada pelo digital e pela publicação de milhares de livros novos por ano. E deixou alguns dados para reflexão: Em Portugal publicam-se anualmente 13.500 novos títulos, ou seja "1,5 livros a cada hora". Há sete anos foram 17.331 livros novos. "Números avassaladores", comentou Fernando Pinto do Amaral.
O tema desta oitava conferência internacional centra-se na relação entre leitura e transmissão de valores. David Justino, presidente do Conselho Nacional de Educação e um dos oradores convidados, alertou que "a leitura tem actualmente grandes concorrentes", por via de uma "sociedade moldada pelo reality show. Disse ainda compreender "a dificuldade em concretizar o PNL na actual sociedade", sugerindo uma utopia: que o livro e a leitura sejam apresentados como um ato de "resistência, irreverência e transgressão".