César desvaloriza iniciativa de Assis: também haveria críticas se PS se virasse para a direita

“Não acredito que um socialista prefira um Governo de direita com o apoio do PS a um Governo do PS com o apoio da esquerda”, diz o presidente socialista sobre as movimentações dos críticos do acordo à esquerda.

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Carlos César Adriano Miranda

O presidente do PS e também líder da bancada parlamentar socialista desvaloriza o facto de Francisco Assis estar a arregimentar apoios e no sábado promover um encontro de socialistas que se manifestam contra a aproximação e eventual compromisso do partido com o PCP e o Bloco de Esquerda.

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O presidente do PS e também líder da bancada parlamentar socialista desvaloriza o facto de Francisco Assis estar a arregimentar apoios e no sábado promover um encontro de socialistas que se manifestam contra a aproximação e eventual compromisso do partido com o PCP e o Bloco de Esquerda.

Carlos César alega que se o PS estivesse a “consumar um acordo com o PSD e o CDS, certamente que teríamos um conjunto de camaradas nossos que estariam, não sei se na Mealhada se noutro lugar, reunidos para reclamar contra um acordo dessa natureza e a pedir um acordo com o PCP e com o Bloco”.

Falando aos jornalistas na Assembleia da República depois de uma reunião com o ministro dos Assuntos Parlamentares, acrescentou: “Como socialista quero dizer que não acredito que um socialista prefira um Governo de direita com o apoio do PS a um Governo do PS com o apoio da esquerda.”

Sobre as movimentações de Assis e de outros socialistas contestatários de uma coligação de esquerda, o presidente do PS afirmou que “os partidos são hoje em dia formações plurais, são autênticas coligações no seu interior. É legítimo e até desejável que o PS tenha opiniões divergentes sobre este assunto, como teria se estivéssemos a fazer o percurso contrário.” Por isso, as críticas de que o PS ficará manietado pelo acordo que desenhar com PCP e Bloco e que poderá perder influência para os dois partidos podem ser aplicadas da mesma forma se a aproximação fosse à direita. Aí, prevê Carlos César, dir-se-ia que o PS estaria “refém dum contínuo apelo ao sim em todas as circunstâncias em nome de um interesse nacional que fosse invocado”.

Questionado sobre se estranhou o timing escolhido por Francisco Assis para a iniciativa de juntar os críticos, em vésperas da discussão do programa de Governo e de um eventual voto de rejeição, quando há poucos dias admitia avançar para uma posição de desafio da liderança após um congresso, Carlos César preferiu responder ao lado. “O dr. Francisco Assis é um activo precioso do PS e enquanto ele se movimentar naquilo que ele julgar ser a sua melhor interpretação do interesse nacional e do PS, devem ser saudadas as suas acções.”