Só em Outubro foram tantos os que atravessaram o Mediterrâneo como em 2014
As últimas previsões do Alto Comissariado apontavam para a entrada este ano na Europa de 700 mil migrantes e refugiados. Já chegaram 744.000.
A Essam Daod, médico palestiniano que há três semanas chegou a Lesbos como voluntário, falta quase tudo para fazer o seu trabalho. “É de loucos, faltam-nos meios de socorro e equipamento”, desabafou à AFP. “Não temos garrafas de oxigénio suficientes e só há duas ambulâncias.” É assim na ilha grega que se tornou na maior porta de entrada da Europa – por ali chegou no último mês a esmagadora maioria das cerca de 218 mil migrantes e refugiados que tornaram Outubro um mês com um número de chegadas equivalente a todo o ano de 2014.
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A Essam Daod, médico palestiniano que há três semanas chegou a Lesbos como voluntário, falta quase tudo para fazer o seu trabalho. “É de loucos, faltam-nos meios de socorro e equipamento”, desabafou à AFP. “Não temos garrafas de oxigénio suficientes e só há duas ambulâncias.” É assim na ilha grega que se tornou na maior porta de entrada da Europa – por ali chegou no último mês a esmagadora maioria das cerca de 218 mil migrantes e refugiados que tornaram Outubro um mês com um número de chegadas equivalente a todo o ano de 2014.
A Lesbos chegaram 210 mil pessoas provenientes da Turquia, o grosso dos mais de 218 mil que em Outubro atravessaram o mar para chegarem à Europa, número que é um “recorde mensal”. A última semana foi particularmente perturbadora para quem foi para a ilha ajudar – morreram ao largo duas dezenas de pessoas afogadas. O vento forte faz recear novas tragédias.
Os voluntários como Essam, a maior parte dos quais não estão ligados a organizações, foram para Lesbos por sua conta e risco, e, conta a agência noticiosa, sentem-se abandonados pelas autoridades gregas e pelas instituições europeias. Organizam-se como podem para receber os milhares de pessoas que todos os dias chegam a Skala Sikamia, no norte da ilha. “Felizmente, os habitantes da ilha ajudam muito”, disse Amy Shroes, que veio de Michigan, nos EUA.
Lesbos superou largamente as entradas por Itália – 8.129, menos do que as 15 mil de Outubro de 2014 – uma redução que é atribuída ao facto de os sírios fugidos à guerra terem passado a privilegiar a rota via Turquia, até à Grécia.
Os números globais anunciados esta segunda-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) indicam que foram 218.394 os que chegaram em Outubro à Europa, em condições que a muitos custaram a vida. No mês passado, houve um recorde mensal de chegadas”, disse à AFP um porta-voz do Alto Comissariado, Adrian Edwards. Em Setembro tinham sido 172.843.
A agência adiantou que o número ultrapassa já o total do ano de 2014. Os dados da Reuters, divulgados pouco depois, colocam quase a par os dados de Outubro com os de todo o ano passado: os mesmos 218.394 de entradas mas comparados com cerca de 219 mil no ano passado. O maior afluxo, apesar do agravamento do estado do tempo, estará relacionado com a perspectiva de encerramento das fronteiras europeias e a aproximação do Inverno.
As últimas previsões do ACNUR apontavam para a entrada este ano na Europa de 700 mil migrantes e refugiados. Já chegaram 744.000.
O Alto Comissariado calcula em cerca de 3440 o número dos que morreram este ano afogados no Mediterrâneo, ao tentaram chegar à Europa por mar. Na sua maioria morreram quando procuravam alcançar a costa italiana, aponta a Organização Internacional das Migrações.
E os números não param de aumentar, agora mais na costa grega. A guarda costeira de Atenas informou esta segunda-feira que quatro refugiados morreram afogados e seis outros desapareceram quando o barco em que viajavam se afundou, a Norte da ilha de Farmakonisi, também no mar Egeu, um braço do Mediterrâneo que separa a Grécia da Turquia. Foram salvas quatro pessoas. No domingo, 11 pessoas, incluindo seis crianças, morreram quando o barco se virou ao largo da ilha de Samos, deixando-as presas na cabina. Os números iniciais indicavam 13 mortos.