"Há hospitais que poderiam encerrar blocos se rentabilizassem melhor os que têm"
Três perguntas a Jorge Penedo, coordenador do relatório de Avaliação da situação nacional dos blocos operatórios.
Dizem no relatório que, tendo em conta a capacidade instalada, seria possível fazer cerca de 22% mais cirurgias por ano, mas que, para isso ser possível, faltam anestesiologistas e enfermeiros especialistas. Isto significa que há blocos operatórios a mais, cirurgiões a mais, ou que estão mal distribuídos?
O problema pode ser visto em duas perspectivas. Primeiro, considerando a capacidade instalada em blocos operatórios e o tempo estabelecido para a utilização normal do bloco, existe um tempo de bloco não utilizado. Essa não utilização deve-se essencialmente à falta de anestesiologistas e de enfermeiros especialistas. Segundo, a questão de saber se há blocos a mais ou a menos depende da definição de qual deveria ser o compromissos de serviços que o Estado deveria garantir. Tal como foi afirmado no relatório deve ser assumido no planeamento em saúde de que as necessidades não devem ser garantidas para a totalidade da população porque uma parte significativa dos portugueses recorre ao sistema social ou privado. Só depois de se estabelecer qual a procura a que o Estado deve dar resposta é que pode ser calculada a oferta que deve existir e só aí é que podemos definir se há blocos a mais ou a menos. Para já o que pode ser afirmado é que existe uma capacidade instalada no SNS que não está esgotada e que como tal existe uma margem significativa de crescimento de oferta.
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Dizem no relatório que, tendo em conta a capacidade instalada, seria possível fazer cerca de 22% mais cirurgias por ano, mas que, para isso ser possível, faltam anestesiologistas e enfermeiros especialistas. Isto significa que há blocos operatórios a mais, cirurgiões a mais, ou que estão mal distribuídos?
O problema pode ser visto em duas perspectivas. Primeiro, considerando a capacidade instalada em blocos operatórios e o tempo estabelecido para a utilização normal do bloco, existe um tempo de bloco não utilizado. Essa não utilização deve-se essencialmente à falta de anestesiologistas e de enfermeiros especialistas. Segundo, a questão de saber se há blocos a mais ou a menos depende da definição de qual deveria ser o compromissos de serviços que o Estado deveria garantir. Tal como foi afirmado no relatório deve ser assumido no planeamento em saúde de que as necessidades não devem ser garantidas para a totalidade da população porque uma parte significativa dos portugueses recorre ao sistema social ou privado. Só depois de se estabelecer qual a procura a que o Estado deve dar resposta é que pode ser calculada a oferta que deve existir e só aí é que podemos definir se há blocos a mais ou a menos. Para já o que pode ser afirmado é que existe uma capacidade instalada no SNS que não está esgotada e que como tal existe uma margem significativa de crescimento de oferta.
Como explica as disparidades de custo por hora de sala encontradas e o facto de haver também tantas diferenças nas médias de tempo de espera dos hospitais?
No que se refere à primeira questão há que assumir que a forma de cálculo varia em muito de hospital para hospital. Esse é um motivo pelo qual o grupo de trabalho defende que deve haver uma contabilidade analítica aplicada ao bloco operatório e que deveria haver regras nacionais aplicadas à mesma. As diferenças de médias de tempo têm de ser analisadas caso a caso e esse deve ser o papel da ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) no sentido de avaliar desconformidades e causas para as mesmas. O que não é aceitável é diferenças significativas entre hospitais e doentes com assimetrias grandes no acesso a cirurgias.
Pensa que será necessário encerrar blocos operatórios no futuro? Em que regiões do país?
A resposta a esta questão tem de ser ligada à primeira. Mas pode ser afirmado que há instituições que poderiam encerrar blocos se rentabilizassem melhor os que têm. Por outro lado, as instituições com muitos blocos periféricos deveriam rever a sua utilização visto que são normalmente mais consumidoras de recursos. Importa igualmente referir que deveria haver uma grande preocupação no sentido de garantir equidade no acesso independente da área geográfica do bloco.