Palavras para quê?
O CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada dignamente.
O CDS e o PSD vão à Assembleia da República discutir. O quê e com quem? Não há uma oposição, há três, que aparentemente tencionam apresentar as suas particularíssimas razões para rejeitar o Governo. Só por milagre a coisa não dará numa berraria inútil. E que ganhará a coligação com isso? Nada. Pelo contrário, compromete de certeza a sua razão e a sua legitimidade. Não se trata gente como se ela fosse igual, quando ela não o é. O CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada dignamente e sem comentário de espécie alguma. A esquerda que fique por lá num comício íntimo a repetir o que já disse em toda a parte. O país que os veja bem sem interrupção e que tire as suas conclusões. Sem ruído, como quem assiste a um espectáculo para sua edificação.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O CDS e o PSD vão à Assembleia da República discutir. O quê e com quem? Não há uma oposição, há três, que aparentemente tencionam apresentar as suas particularíssimas razões para rejeitar o Governo. Só por milagre a coisa não dará numa berraria inútil. E que ganhará a coligação com isso? Nada. Pelo contrário, compromete de certeza a sua razão e a sua legitimidade. Não se trata gente como se ela fosse igual, quando ela não o é. O CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada dignamente e sem comentário de espécie alguma. A esquerda que fique por lá num comício íntimo a repetir o que já disse em toda a parte. O país que os veja bem sem interrupção e que tire as suas conclusões. Sem ruído, como quem assiste a um espectáculo para sua edificação.
E depois com quem ia a coligação falar? Com o PCP, que ainda ontem repetia pela boca de Jerónimo de Sousa os lugares-comuns da seita, sem faltar uma vírgula, e que deu a entender que a sua putativa aliança com o dr. Costa não tinha outra base, excepto a sua conveniência? Quem pode adivinhar o que é, ou não é, o verdadeiro interesse dos trabalhadores, segundo Jerónimo? Anteontem, o Avante! declarou que sem a “renegociação da dívida” (um eufemismo para não a pagar) e sem nacionalizações (da banca, claro) os trabalhadores continuarão na mesma. Será que o PC já explicou isto ao dr. Costa? Talvez por isso ainda não apareceu o misterioso “papel”, que Jerónimo acha dispensável e o PS o fundamento da sua política. Ninguém até agora conseguiu apurar. E como tenciona a coligação discutir o seu programa sem o comparar com o programa da “esquerda”?
E o Bloco? O que pensa do mundo essa tresloucada agremiação? Deve ser difícil descobrir. O Bloco tem seis chefes, tem um porta-voz, tem 3000 profetas e tem três medidas para salvar a Pátria. Para lá disto, não há mais que nevoeiro e uma inextricável trapalhada. Consta que parte daquela sociedade se confessa trotskista e outra marxista-leninista. Não acredito, exactamente como não acredito em fantasmas, nem que a terapêutica médica persista na sua devoção à sangria. Verdade que a “esquerda” é um museu, mas não anda por aí a distribuir antiguidades. E se as distribuir ao CDS e ao PSD não vale a pena perder tempo com lições de história. O Bloco precisa de uma creche; e o cidadão sério precisa seriamente de perceber a brincadeira em curso.