Negociações sobre a Síria estão "reféns" do futuro de Assad, diz Ban Ki-moon
"É totalmente injusto e pouco razoável que todo o processo negocial fique refém do destino de uma pessoa", disse o secretário-geral da ONU.
As negociações sobre o futuro da Síria ficaram "reféns" da decisão sobre o futuro de Bashar al-Assad, denunciou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em declarações aos jornais espanhóis.
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As negociações sobre o futuro da Síria ficaram "reféns" da decisão sobre o futuro de Bashar al-Assad, denunciou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em declarações aos jornais espanhóis.
"É totalmente injusto e pouco razoável que todo o processo negocial fique refém do destino de uma pessoa", disse, citado pelo El Mundo — um dos jornais a quem o secretário-geral, que esteve na sexta-feira em Madrid, deu uma entrevista conjunta. "O futuro de Assad deve ser decidido pelo povo sírio", defendeu.
Os seus comentários forma feitos enquanto em Viena (Áustria) diplomatas de 17 países - pela primeira vez o Irão foi convidado a estar presente numa reunião sobre a Síria - e representantes da ONU tentavam chegar a um entendimento sobre o futuro deste país em guerra há quatro anos. O conflito, que começou após a repressão de manifestações pacíficas pedindo a democratização do país e a saída de Assad do poder; degenerou numa guerra total com várias frentes, que opõem as forças fiéis ao Presidente à oposição armada e também contra o Estado Islâmico, que auto-proclamou um califado nos territórios que controla na Síria e no Iraque.
Nem o Governo de Damasco nem a oposição a Assad estiveram na reunião de Viena. No encontro, os países concordaram em discordar e emitiram um comunicado a dizer que o Estado sírio deve ser preservado e que a ONU irá conduzir uma mediação com vista a um cessar-fogo. Sobre a questão Assad, a Rússia e o Irão não aceitam que a saída do Presidente sírio seja pré-condição para se chegar a um entendimento.
"O Governo sírio insiste que o Presidente Assad faça parte [de um governo de transição" mas outros países "não encontram lugar para ele", disse Ban Ki-moon. "Por causa disso, já perdemos muito na Síria: morreram 250 mil pessoas, 13 milhões de pessoas estão deslocadas, 50% dos hospitais estão destruídos, escolas e infraestruturas desapareceram. Não podemos perder rmais tempo", disse Ban Ki-moon.