Xilocano é um instrumento musical feito com tubos de esgoto
Novo instrumento faz parte de uma campanha de sensibilização contra o despejo de lixo nas sanitas e nos ralos e vai ser apresentado a 21 de Novembro, no concerto "Entupimentos Sinfónicos"
O xilocano, um instrumento construído com tubos de esgoto doméstico, foi apresentado esta terça-feira, 27 de Outubro, em Leiria, no âmbito da campanha "O cano é que paga!", que procura sensibilizar contra o despejo de lixo nas sanitas e ralos.
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O xilocano, um instrumento construído com tubos de esgoto doméstico, foi apresentado esta terça-feira, 27 de Outubro, em Leiria, no âmbito da campanha "O cano é que paga!", que procura sensibilizar contra o despejo de lixo nas sanitas e ralos.
Constituído por sete tubos de plástico preparados com diferentes afinações, o xilocano é uma criação do maestro Alberto Roque, da Sociedade Artística e Musical dos Pousos (SAMP), que já em 2014 tinha pensado o sanitofone a partir de loiças sanitárias. "O sanitofone teve um percurso e ainda hoje se fala dele de forma bem-disposta. Provou que é possível fazer criação artística com aqueles objectos e em torno deste conceito de sensibilização ambiental", explica Alberto Roque, justificando a aposta no novo instrumento.
"Pensámos que outro tipo de instrumento podíamos criar que estivesse directamente ligado ao nosso quotidiano. Nada mais forte que o cano, que é entupido, maltratado e cria, em nossas casas e à Águas do Centro Litoral (ACL), imensos problemas, gastos e desperdício de dinheiro."
Tocado como um xilofone, o xilocano é um instrumento de percussão com estreia pública agendada para 21 de Novembro, no concerto Entupimentos Sinfónicos, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria. A iniciativa de lançar o xilocano é da ACL, que serve 30 municípios e promove esta campanha em que a música serve para alertar para as consequências da deposição de medicamentos, comida, algodão, pensos higiénicos, fraldas, cigarros, preservativos, cabelos, isqueiros, agulhas e outros detritos no esgoto.
Entre 2012 e 2014, as estações de tratamento de águas residuais da região do Lis receberam 3.500 toneladas daquele tipo de lixo. "Muitos destes resíduos são responsáveis pelos entupimentos, que resultam de práticas quotidianas desadequadas", sublinha o presidente do conselho de administração da ACL, Cláudio de Jesus. "Entendemos que associar a música a um conceito como o tratamento de águas residuais é uma maneira muito feliz de alertar para esta situação", acrescenta, explicando ainda que a intenção é fazer chegar a campanha não só aos municípios do Lis, mas também à região do Mondego e da ria de Aveiro.
Cláudio de Jesus admite que "os resultados da campanha não vão aparecer amanhã", mas a ACL espera que, com iniciativas como esta, a população "se interrogue se tem hábitos adequados", porque resolver o problema "passa muito por mudar hábitos e comportamentos".
"Entupimentos Sinfónicos" será uma performance artística com música, dança, fotografia e cenografia. A estreia do xilocano contará também com a axtuação do sanitofone e os dois instrumentos originais vão actuar com a Orquestra Ars Lusitanae, os coros Anima Choralis e SAMP, a associação CAOS e a Escola de Dança Clara Leão.