ERSE autoriza venda da Iberwind a grupo de Hong Kong

Venda do segundo maior operador eólico português não levanta questões de concorrência, diz o regulador do sector energético.

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Venda da Iberwind é um negócio de mil milhões de euros Pedro Cunha

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) aprovou a venda do segundo maior grupo eólico português, a Iberwind, ao grupo do bilionário Li Ka Shing, de Hong Kong.

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A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) aprovou a venda do segundo maior grupo eólico português, a Iberwind, ao grupo do bilionário Li Ka Shing, de Hong Kong.

“Após análise das condições do mercado e da operação, a ERSE emitiu parecer de não oposição” à venda da totalidade do capital da Iberwind à sociedade PTRW Renewable Bid, uma empresa sedeada no Reino Unido, mas com controlo societário em Hong Kong.

O negócio de mil milhões de euros foi anunciado no início deste mês pelo fundo Magnum Capital, liderado pelo ex-presidente da EDP, João Talone, que era o principal accionista da Iberwind, com 65% do capital. A Iberwind agrupa 31 parques eólicos, com uma capacidade instalada de 684 megawatts (MW) e mais 42 MW em construção.

Além da Magnum Capital, venderam as suas posições na Iberwind os accionistas minoritários, entre os quais se encontram a Espírito Santo Capital, a Madre SGPS (de António Parente) e o fundo ECS (de António de Sousa). O negócio ainda tem de ser validado pela Autoridade da Concorrência (AdC), mas já conta assim com o parecer positivo do regulador sectorial.

Segundo a ERSE, os parques da Iberwind foram responsáveis no ano passado por “14% da produção eólica nacional”. A entidade liderada por Vítor Santos lembra que as receitas destes parques “dependem de uma tarifa administrativa previamente definida para aquela produção, o que não depende da variação do preço no mercado grossista de electricidade”.

Além disso, toda a electricidade produzida nestas instalações é obrigatoriamente adquirida pelo comercializador de último recurso (EDP Serviço Universal) pelo preço pré-definido e colocada por este último em mercado, para que os comercializadores possam comprar a energia de que necessitam para abastecer os seus clientes.

Assim, tendo em conta que a produção eólica está sujeita a um regime de preços administrativos e que a empresa que vai controlar a Iberwind não possui outros interesses no mercado português, “a ERSE considera que esta operação não constitui o reforço de uma posição pré-existente em qualquer das actividades do sector eléctrico nacional e, portanto, não prejudica a concorrência no sector”, refere o comunicado da ERSE.

A ERSE alerta, no entanto, que manterá “em permanência as condições de monitorização concorrencial do mercado eléctrico, em particular na actividade de produção de energia eléctrica”.