Telhados e muros de vidro dentro da União
Depois da Hungria, agora é a Áustria a construir uma “barreira técnica” para travar os refugiados.
Não é um muro; é um amontoado de pedras, tijolos e cimento que formam uma barreira intransponível. Não é arame farpado; são fios de arame que se entrecruzam e que têm umas farpas pontiagudas que ferem as pessoas. Foi mais ou menos deste tipo de eufemismo que a ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, se socorreu para descrever o novo muro que a Áustria quer construir na fronteira com a Eslovénia. Não será um muro, precisa Mikl-Leitner, será uma “barreira técnica” para controlar o fluxo de refugiados que por estes dias chegam aos milhares vindos da rota dos Balcãs.
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Não é um muro; é um amontoado de pedras, tijolos e cimento que formam uma barreira intransponível. Não é arame farpado; são fios de arame que se entrecruzam e que têm umas farpas pontiagudas que ferem as pessoas. Foi mais ou menos deste tipo de eufemismo que a ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, se socorreu para descrever o novo muro que a Áustria quer construir na fronteira com a Eslovénia. Não será um muro, precisa Mikl-Leitner, será uma “barreira técnica” para controlar o fluxo de refugiados que por estes dias chegam aos milhares vindos da rota dos Balcãs.
É um (mais um) muro entre países da União que partilham o espaço Schengen e que se vai erguer dias depois de uma minicimeira sobre o tema que, pelos vistos, de pouco ou nada adiantou. E o curioso é que o chanceler austríaco, Werner Faymann, ainda há dias criticava veementemente o primeiro-ministro húngaro por ter erguido muros e vedações ao longo da fronteira com a Croácia (fazendo desviar a rota dos refugiados para oeste), comparando o tratamento que Viktor Orbán estava a dar aos migrantes às deportações feitas pelos nazis. Agora, a Áustria prepara a construção da sua “barreira técnica”, numa acção isolada e novamente à revelia das decisões conjuntas das recentes cimeiras sobre o tema.
A Europa nem sequer se entende sobre onde concentrar os esforços para debelar o problema: se nos países de origem, se nos de partida, se nos de trânsito ou se nos países que os acolhem. Será precisamente em Viena, ainda sem a tal “barreira técnica”, que esta sexta-feira vai reunir-se um grupo de países para tentar mais uma vez resolver o conflito da Síria, que está na origem desta grande vaga de deslocação de pessoas. A participação pela primeira vez do Irão no encontro (Irão que, a par da Rússia, é o grande aliado regional de Assad) dá uma nesga de esperança para que o problema possa eventualmente começar a ser resolvido na origem.