Crescimento das empresas exportadoras abranda 70,7% em 2014

O saldo líquido de empresas que vendem bens ao estrangeiro arrefeceu no último ano, chegando às 248, contra as 846 de 2012/2013. Já este ano, dados preliminares do INE mostram uma queda nas exportadoras.

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Entre 2013 e 2014 o saldo líquido de empresas exportadoras (a diferença entre novas empresas e empresas que deixaram de exportar) foi de 248 sociedades, um valor que é menos de um terço das 846 registadas um ano antes. Este dado representa uma queda de 70,7% no período em análise e é o valor mais baixo pelo menos desde 2010, antes da entrada da troika de credores em Portugal e que levou as empresas à procura de novos clientes após a forte retracção do mercado interno.

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Entre 2013 e 2014 o saldo líquido de empresas exportadoras (a diferença entre novas empresas e empresas que deixaram de exportar) foi de 248 sociedades, um valor que é menos de um terço das 846 registadas um ano antes. Este dado representa uma queda de 70,7% no período em análise e é o valor mais baixo pelo menos desde 2010, antes da entrada da troika de credores em Portugal e que levou as empresas à procura de novos clientes após a forte retracção do mercado interno.

O número, fornecido pela AICEP com base em dados do INE, reflecte um abrandamento do crescimento das empresas nos mercados externos, numa altura em que a economia precisa de continuar a tentar equilibrar as suas contas externas. Já este ano, e segundo as informações preliminares enviadas ao PÚBLICO pelo INE, o número de exportadoras era de 18.907 (dados de Janeiro a Agosto), o que mostra uma descida de 3,6% face a idêntico período de 2014.

Ontem, o INE publicou uma análise do comércio internacional por características das empresas, onde dá conta da manutenção de uma grande concentração das vendas ao estrangeiro (e compras) nas cinco maiores organizações.

Ao mesmo tempo, do total das exportadoras baseadas em Portugal, verifica-se que 63,9% venderam os bens que produziram para apenas um mercado no ano passado, valor que não sofreu alterações face a 2013.

Ou seja, a maioria destas empresas continua dependente de apenas um país para fazer negócios além do mercado interno, com destaque para Angola (ver caixa) e Europa. Houve, no entanto, alterações no valor que representam, já que, de acordo com os dados divulgados pelo INE, estes 63,9% foram responsáveis por 7,6% do total do valor transaccionado, contra os 10,3% registados em 2013.

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Numa análise um pouco mais longa, o INE destaca que “em comparação com a média dos últimos quatro anos (2010-2013) verifica-se uma maior diversificação de mercados de exportação, com o peso das empresas que exportam para apenas um país a decrescer 1,3 pontos percentuais”.

A dependência de apenas um mercado é particularmente expressiva nos negócios com a Europa, que tem atravessado um período de crise e enfrenta agora um crescimento lento. No ano passado, no caso do comércio intra-UE, 85,6% das empresas exportadoras para estes mercados tinham só um cliente, concentrando 10,3% do valor.

Olhando para os montantes do negócio, o INE diz que as empresas “que apresentaram uma maior diversificação de mercados (20 ou mais países) concentraram o maior peso no valor exportado (42,4%) apesar de corresponderem a apenas 1,9% do total de empresas exportadoras de bens”.

As cinco maiores empresas continuam a ter um papel significativo nas vendas de bens ao exterior, mas com menos expressão. No ano passado, estas foram responsáveis por 16,1% do valor transaccionado, indicador que sobe para 20,4% quando se analisam as dez maiores. Em 2013, valiam 19,3% e 24,4%, respectivamente. Este dado poderá, no entanto, conter factores extraordinários, já que a refinaria da Galp em Sines esteve parada durante parte do primeiro semestre de 2014.

De acordo com dados do INE, o ranking das maiores exportadoras no ano passado continuou a ser dominado pela Galp

Petrogal, seguindo-se a Autoeuropa, a Portucel/Soporcel, a Continental Mabor e a Repsol Polímeros. No caso das importações, verifica-se que a Galp/Petrogal é também a maior importadora. Aliás, para além do primeiro lugar na lista, com a compra de petróleo, o mesmo grupo regista também o segundo lugar, com outra empresa, a Galp Gás Natural. A Autoeuropa acaba por surgir em terceiro lugar, seguindo-se o Pingo Doce (do grupo Jerónimo Martins) e a Siva, que representa em Portugal as marcas da Volkswagen (à excepção da Seat).

Os dados ontem divulgados pelo INE fazem também um retrato das importações: em 2014, 86,6% das empresas importou bens de apenas um país, o que equivale a 9,7% do valor global. “Em comparação com a média do período 2010-2013, verifica-se uma maior predominância das empresas que importam bens exclusivamente de um país parceiro (mais 1,4 pontos percentuais), cujo peso do valor importado também cresceu (mais 0,8 pontos percentuais)”, nota o INE. E também aqui o universo das grandes empresas se faz notar, já que as cinco maiores importadoras de bens concentraram 17,6% do valor total, percentagem que passa para 20,9% quando se olha para as dez maiores.