Entre a dinastia de Steph Curry e a felicidade caseira de LeBron

Só os Cleveland Cavaliers parecem ter, na Conferência Este, capacidade para se intrometerem numa NBA que continua muito inclinada para o Oeste.

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LeBron James e Stephen Curry defrontaram-se na última final da NBA Bob Donnan/USA TODAY Sports

Não há muitas equipas na história da Liga Norte-Americana de Basquetebol profissional (NBA) que tenham tido uma época tão boa como a que os Golden State Warriors tiveram em 2014-15. Tiveram o sexto melhor registo de sempre numa época regular (67-15), uma carreira com poucos sobressaltos nos play-off (16-5) que terminou na conquista do título de campeão, o MVP da temporada (Steph Curry) e o MVP da final (Andre Iguodala) e, no entanto, há muita gente que desconfia da equipa californiana. Numa palavra, quase toda a NBA acha que os Warriors tiveram sorte. E que a tempestade perfeita não vai acontecer na nova temporada que hoje se inicia.

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Não há muitas equipas na história da Liga Norte-Americana de Basquetebol profissional (NBA) que tenham tido uma época tão boa como a que os Golden State Warriors tiveram em 2014-15. Tiveram o sexto melhor registo de sempre numa época regular (67-15), uma carreira com poucos sobressaltos nos play-off (16-5) que terminou na conquista do título de campeão, o MVP da temporada (Steph Curry) e o MVP da final (Andre Iguodala) e, no entanto, há muita gente que desconfia da equipa californiana. Numa palavra, quase toda a NBA acha que os Warriors tiveram sorte. E que a tempestade perfeita não vai acontecer na nova temporada que hoje se inicia.

Um inquérito aos “general managers” das 30 equipas da NBA não coloca os Warriors como principais candidatos ao título, nem como segundos. O que os donos das equipas dizem é que os Cleveland Cavaliers são, de longe (53,6%), os grandes candidatos, seguidos dos San Antonio Spurs (25%). Só depois aparece a equipa de Oakland (17,9%). O inquérito ainda cita os Oklahoma City Thunder como um candidato, embora com uma percentagem quase residual (3,6%).

Os argumentos andam à volta disto. Os Warriors não sofreram com lesões incapacitantes, beneficiaram de fraca oposição nos play-off e tiveram um adversário com pouca profundidade na rotação durante a final. A tudo isto, Steph Curry responde desta maneira, e não sem uma boa dose de ironia: “Peço desculpa por sermos saudáveis. Peço desculpa por jogarmos contra quem nos aparecia pela frente. Peço desculpa por todas as distinções que recebemos, individualmente e como equipa. Peço muita, muita desculpa, e vamos tentar rectificar este ano.”

Para a nova temporada, os campeões Warriors continuam com tudo no lugar. Nove dos dez jogadores mais utilizados mantêm-se na equipa e o treinador é o mesmo, Steve Kerr, que cometeu a proeza de ser campeão no seu ano de estreia como técnico principal – o último a fazê-lo foi Pat Riley, com os Los Angeles Lakers de 1982. Curry quer mostrar que pode ser líder de uma nova dinastia na NBA e conquistar um segundo título com os Warriors será o suficiente para calar os críticos.

Se não será justo colocar os Warriors num lugar tão secundário da lista de candidatos como fizeram os donos das equipas, também é verdade que há muitos outros pretendentes com aspirações legítimas a chegar ao título. A encabeçar esta lista estão os Cleveland Cavaliers, de LeBron James, os finalistas vencidos da última final, e, no papel, a única equipa da Conferência Este que poderá verdadeiramente lutar pelo título. Na temporada passada, os Cavs viveram muito (talvez demasiado) do “one man show” que é LeBron James e disso se ressentiram quando chegaram à final com uma rotação limitada por muitas lesões.

LeBron continua à procura de um título pela equipa da sua cidade natal e foi isso que prometeu aos adeptos quando deixou os Miami Heat (onde foi duas vezes campeão) para regressar a Cleveland, uma cidade em eterna depressão desportiva pela falta de conquistas das suas equipas profissionais. Se jogadores como Kyrie Irving e Kevin Love (que falharam as finais) estiverem saudáveis, então os Cavs serão, não apenas os melhores da Este, mas, talvez os melhores da NBA.

Se o líder de Este é razoavelmente fácil de prever, com os Cavs a grande distância de equipas como os Chicago Bulls, os Atlanta Hawks, o Oeste está recheado de equipas que podem causar muitos problemas. E é difícil não voltar a colocar neste lote os San Antonio Spurs, que mantêm o lote de veteranos todos um ano mais velhos (Tim Duncan, Manu Ginobili e Tony Parker), mas que se reforçaram com aquele que era o “free agent” mais desejado da NBA, o extremo-poste LaMarcus Aldrigde, alguém que pode verdadeiramente fazer a diferença – 23,4 pontos e 10,2 ressaltos de média por jogo em 2014-15.

Outra dos grandes pretendentes ao título está, tal como os Warriors, na Califórnia e na Divisão Pacífico. Definitivamente estabelecidos como a melhor equipa de Los Angeles, os Clippers irão querer esquecer o fracasso da última temporada, em que foram eliminados na segunda ronda dos play-off. O técnico Doc Rivers continua com o seu núcleo de “estrelas” (DeAndre Jordan, Chris Paul, Blake Griffith e JJ Reddick) e passou a contar com o veterano Paul Pierce para dar mais profundidade à rotação.

Equipas como os Oklahoma City Thunder ou os Houston Rockets estarão sempre dependentes do estado físico das suas super-estrelas, Kevin Durant e James Harden, respectivamente, enquanto Anthony Davis pode, a qualquer momento, transformar os New Orleans Pelicans numa força a ter em conta. O estado físico de Derrick Rose também irá condicionar a época dos Bulls, ele que apenas esteve em 61 jogos nas últimas três temporadas, enquanto os Atlanta Hawks tentarão, pelo menos, igualar o que fizeram em 2014-15, a sua melhor época de sempre (60 vitórias e 22 derrotas).

Para muitas equipas esta será mais uma época de reconstrução e tentar não ser a anedota da NBA. As previsões apontam para que os Philadelphia 76’ers e os Minnesota Timberwolves sejam, respectivamente, os piores de Este e Oeste, equipas sem plano de reconstrução e a tentar fazer o pior possível para terem sorte no draft da época seguinte. Já os New York Knicks, a entrar no segundo ano do plano de Phil Jackson, espera-se que haja um salto qualitativo em relação a 2014-15, a pior época de sempre da história da equipa. Se Carmelo Anthony voltar a ser a “estrela” que já foi em tempos e se o tiro no escuro que foi a selecção do letão Kristaps Porzingis no draft der resultado, os Knicks vão andar perto de um lugar nos play-off.

Notícia corrigida às 9h31Kristaps Porzingis é letão e não lituano