Sigamos o UTC
Afinal o GMT (tempo médio de Greenwich) já não existe.
Ainda bem que Cláudia Carvalho Silva entrevistou o claríssimo Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, para o PÚBLICO.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Ainda bem que Cláudia Carvalho Silva entrevistou o claríssimo Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, para o PÚBLICO.
Afinal o GMT (tempo médio de Greenwich) já não existe. É uma snobice anglófila ter em Tavira a mesma hora do que na terra mais nortenha, fria e escura da Escócia.
Hoje o fuso horário de referência, apesar de continuar a ser descaradamente eurocêntrico, é o UTC. Que quer dizer UTC? Diplomacia. Os francófonos queriam que fosse, como as bolachinhas, TUC (temps universel coordonné) e os anglófonos queriam que fosse CUT (coordinated universal time). Ficou UTC, que a nada corresponde, como compromisso.
No Domingo atrasámos os relógios para voltar ao UTC. O UTC não é um devaneio ou uma panca: "corresponde à hora atómica, isto é, à média dos relógios atómicos". Sim, é aflitivo que nem os relógios atómicos concordem. Mas a média já não é má. O UTC não muda. É científica e leal e admirável segundo todos os pontos de vista possíveis.
Durante metade do ano (a parte mais soalheira) Portugal submete-se com snobismo ao British Summer Time, dizendo que está apenas a cumprir o Daylight Saving Time, que todos os países europeus seguem, excepto a Arménia, a Bielorússia, a Geórgia e a Rússia, que tem mais fusos horários do que Portugal tem maneiras de fazer caldeirada. Tem graça que ambas estas nomenclaturas sejam intransigentemente inglesas.
Voltámos ao juízo. Ainda bem. Daqui a seis meses aguentemo-nos, firmes.