Eduardo dos Santos está a "trair ideais" da independência

O porta-voz da UNITA considera que a prisão de activistas angolanos revela a "intolerância política" do governo de José Eduardo dos Santos, que "traiu" os ideais dos três movimentos que lutaram pela independência.

Foto
Sakala: "José Eduardo dos Santos vai fechar um ciclo como ditador. Não soube dialogar" STEPHANE DE SAKUTIN/AFP

"Após 40 anos de independência (11 de Novembro de 1975), continua-se a trair os grandes ideais dos três movimentos que lutaram por essa grande conquista (além da UNITA, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA))", acusa Alcides Sakala, porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, na oposição).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Após 40 anos de independência (11 de Novembro de 1975), continua-se a trair os grandes ideais dos três movimentos que lutaram por essa grande conquista (além da UNITA, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA))", acusa Alcides Sakala, porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, na oposição).

Em declarações à Lusa, em Lisboa, o dirigente criticou também o regime "ditatorial" angolano, em particular no caso dos 15 activistas detidos em Junho, entre eles o rapper luso-angolano Luaty Beirão, acusados de subversão.

Em trânsito em Lisboa, após representar a UNITA no Congresso do Partido Popular Europeu (PPE), que decorreu em Madrid a 21 e 22 deste mês, Sakala defendeu que a "ditadura" do regime de Eduardo dos Santos "continua insensível", numa altura em que se aproxima o "fim do ciclo" de poder do MPLA, com as eleições de 2017.

"É uma direcção insensível, que viola os direitos humanos", afirmou o também secretário para as Relações Internacionais da UNITA, garantindo que o partido está a preparar-se para as eleições gerais e que tudo fará para que a transição em Angola vá "ao encontro da democracia participativa".

Questionado sobre a possibilidade de Eduardo dos Santos, no poder desde o final da década de 1970, se recandidatar, Alcides Sakala afirmou ser "ainda cedo" para avaliar a hipótese, indicando que caberá ao MPLA decidir.

"Mas, seja como for, José Eduardo dos Santos vai fechar um ciclo como ditador. Não soube dialogar (com os partidos e com a sociedade civil)", sustentou o ainda presidente da Comissão Eleitoral do 12.º Congresso da UNITA, marcado para 3 a 5 de Dezembro, em Luanda.

Nessa qualidade, e sobre as eleições no partido, Sakala destacou que as três candidaturas previstas - Isaías Samakuva (que se candidata a um quarto mandato), Paulo Lukamba "Gato" e Abílio Kamalata Numa (que ainda só manifestou intenção) -, demonstram a "vitalidade" da UNITA, que em 2016 celebra 50 anos (fundada em 1966).

"Os três mostram a vitalidade de um grande partido e constituem também uma forma de honrar Jonas Savimbi", fundador e líder incontestado da UNITA morto em combate em 2002.