Novo navio do país para investigação científica já chegou a Portugal

Comprado em segunda mão, o navio vai agora sofrer transformações e ser apetrechado com mais equipamentos científicos. É propriedade do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

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O anúncio de que Portugal teria um novo navio de investigação científica é de 2011: destinar-se-ia a substituir o Noruega, mais dedicado ao estudo das pescas, e que está a chegar ao fim da vida depois de mais de 35 anos ao serviço de um dos laboratórios científicos do Estado. O novo navio, comprado em segunda mão a uma empresa escocesa, chegou na quarta-feira a Portugal e hoje (sexta-feira) há uma cerimónia de recepção em Lisboa, com a ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, e o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu. Seguir-se-á o processo de remodelação do navio e instalação de mais equipamentos científicos — um projecto que, no final, ficará em cerca de 13 milhões de euros, 11 milhões dos quais pagos sobretudo pela Noruega, ao abrigo de um programa de ajuda.

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O anúncio de que Portugal teria um novo navio de investigação científica é de 2011: destinar-se-ia a substituir o Noruega, mais dedicado ao estudo das pescas, e que está a chegar ao fim da vida depois de mais de 35 anos ao serviço de um dos laboratórios científicos do Estado. O novo navio, comprado em segunda mão a uma empresa escocesa, chegou na quarta-feira a Portugal e hoje (sexta-feira) há uma cerimónia de recepção em Lisboa, com a ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, e o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu. Seguir-se-á o processo de remodelação do navio e instalação de mais equipamentos científicos — um projecto que, no final, ficará em cerca de 13 milhões de euros, 11 milhões dos quais pagos sobretudo pela Noruega, ao abrigo de um programa de ajuda.

Na sua vida anterior chamava-se Kommandor Calum e pertencia à empresa escocesa Hays Ships, que opera uma frota de navios para trabalhos de investigação científica, de levantamentos e de patrulha para uma série de clientes. A partir de agora chama-se Mar Portugal e fica sob a alçada do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), resultante da fusão de dois laboratórios do Estado, o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar e o Instituto de Meteorologia. É hoje, na doca onde está atracado em Lisboa, que se dará a passagem da bandeira do Reino Unido para a bandeira portuguesa e se pintará no casco o seu novo nome.

Tem 75 metros de comprimento, 15 de largura e lugar para 30 cientistas e técnicos, além de 16 tripulantes e autonomia para 40 dias no mar.

Construído em 1986, era inicialmente um navio de defesa e salvamento submarino, depois foi convertido em navio de investigação e levantamentos técnico-científicos em águas profundas. Já tinha sofrido uma grande transformação em 2013 para melhorar os alojamentos e a capacidade de levantamentos, estando hoje já preparado para fazer geotecnia marinha, oceanografia, levantamentos geofísicos e operação de robôs submarinos (ROV), refere um comunicado do Ministério da Agricultura e do Mar. Portugal dispõe de um ROV — o Luso, comprado em 2008 por um total de três milhões de euros —, que mergulha a grandes profundidades (até aos 6000 metros) e que será operado no novo navio.

Desde a sua conversão, o Kommandor Calum tem trabalhado a uma escala global: por exemplo, em 2014, refere ainda o comunicado, navegou no Árctico russo, no mar do Norte, no Atlântico e Mediterrâneo.

O passo que se segue é a abertura de concursos internacionais, tanto para a transformação do navio, preparando-o agora para a investigação das pescas, como para a compra de equipamentos científicos. “Durante o próximo ano, vai estar pronto”, espera Pinto de Abreu.

O Kommandor Calum custou 7,9 milhões de euros, a sua transformação ficará entre um e dois milhões de euros e o restante montante até aos 13 milhões de euros é para os equipamentos científicos, refere Nuno Lourenço, da direcção do IPMA.

A aquisição deste novo navio fez-se através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (MFEEE), que tem a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein como doadores de dinheiro a uma série de países, incluindo Portugal, para corrigir assimetrias e fomentar a coesão. Criado em 2004, este fundo, no qual a Noruega é o principal financiador, já tinha disponibilizado a Portugal 31 milhões de euros até 2009, altura em que o Governo socialista de José Sócrates tinha iniciado negociações para novo ciclo de ajuda, terminadas pelo Governo ainda em funções.

Como o MFEEE tem de ter também uma comparticipação nacional, Portugal pagará 1,9 milhões de euros dos quase 13 milhões do projecto do navio, e os restantes 11 milhões saem dos cofres noruegueses, explica ainda Nuno Lourenço.

O Kommandor Calum, ou Mar Portugal, vem substituir o Noruega, que nem sempre tem estado operacional e exigia reparações de fundo. Ao serviço do país há mais de 35 anos, o Noruega tem 47,5 metros de comprimento e alberga 12 cientistas e técnicos. Tem sido usado em estudos de biologia, avaliação de recursos, pesca experimental e investigação oceanográfica. Mas os trabalhos de alargamento da plataforma continental portuguesa, agora à espera de apreciação na ONU, tiveram de ser feitos por navios com outras capacidades, nomeadamente os navios oceanográficos da Marinha, o Almirante Gago Coutinho (onde operou o ROV Luso) e o D. Carlos I.

O Noruega já tinha feito parte de um programa de ajuda da Noruega a Portugal, daí o seu nome. Quando a compra do novo navio foi anunciada em 2011, falou-se então que seria abatido; agora Pinto de Abreu diz que “ainda não está decidido o que vai fazer-se com o Noruega”.

“O IPMA fica com maior capacidade para operar no mar aberto”, frisa Nuno Lourenço. “Este projecto cumpriu-se e agora espero que seja aproveitado como grande plataforma para dar continuidade ao trabalho que tem sido feito”, diz Pinto de Abreu. “Portugal vai deixar de estar dependente de quem quer que seja para fazer investigação no mar.”

De cariz civil, o Mar Portugal será então usado em que tipo de investigação? “Para tudo”, responde Pinto de Abreu. Além das pescas, em campanhas de avaliação da distribuição e abundância de peixes, servirá, por exemplo, para investigar a biodiversidade e os recursos não vivos, como os minérios no fundo do mar.