Editorial: Cavaco ameaçador

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A indigitação de Passos Coelho como primeiro-ministro não foi propriamente uma surpresa. Seria difícil que Cavaco Silva não testasse a remota hipótese de um governo da coligação passar na Assembleia da República, tanto mais quanto a PaF foi a força mais votada nas eleições. O que surpreendeu no discurso que ontem à noite Cavaco fez aos portugueses é fazer acompanhar a sua decisão de um autêntico apelo à rebelião dos parlamentares PS, lembrando enfaticamento que “é aos deputados que cabe decidir, em consciência e tendo em conta os superiores interesses de Portugal”. Numa intervenção profundamente ideológica e com momentos alarmistas, como quando invoca a quebra de confiança dos credores e dos mercados caso seja nomeado um Governo de esquerda, Cavaco acaba por deixar no ar um cenário de recusa de uma solução liderada por António Costa, ainda que ela resulte de uma maioria sufragada no Parlamento. Um cenário muito complicado e contraditório com o poder dos deputados que antes invocara.

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A indigitação de Passos Coelho como primeiro-ministro não foi propriamente uma surpresa. Seria difícil que Cavaco Silva não testasse a remota hipótese de um governo da coligação passar na Assembleia da República, tanto mais quanto a PaF foi a força mais votada nas eleições. O que surpreendeu no discurso que ontem à noite Cavaco fez aos portugueses é fazer acompanhar a sua decisão de um autêntico apelo à rebelião dos parlamentares PS, lembrando enfaticamento que “é aos deputados que cabe decidir, em consciência e tendo em conta os superiores interesses de Portugal”. Numa intervenção profundamente ideológica e com momentos alarmistas, como quando invoca a quebra de confiança dos credores e dos mercados caso seja nomeado um Governo de esquerda, Cavaco acaba por deixar no ar um cenário de recusa de uma solução liderada por António Costa, ainda que ela resulte de uma maioria sufragada no Parlamento. Um cenário muito complicado e contraditório com o poder dos deputados que antes invocara.