Árbitro espanhol denuncia pressões para beneficiar o Real Madrid
Juiz assistente diz ter recebido indicações de um membro do Comité Técnico de Árbitros para prejudicar o Barcelona no próximo “clássico” espanhol.
O próximo jogo entre Real Madrid e Barcelona tem data e hora marcada (21 de Novembro, 17h15) e, faltando neste momento sensivelmente um mês, o ambiente já começa a aquecer. O responsável é um árbitro assistente da primeira divisão espanhola que acusa um membro do Comité Técnico de Árbitros de pressão para prejudicar o Barcelona - e, portanto, beneficiar o Real Madrid -, no próximo duelo entre os actuais líderes do campeonato espanhol, no Santiago de Bernabéu.
Na denúncia apresentada à Promotoria Anticorrupção de Barcelona, encaminhada posteriormente para a Guarda Civil, não consta nem o nome do árbitro assistente nem o do autor das pressões, segundo alguns meios de comunicação espanhóis. Outros dão como certo que o autor das alegadas pressões é José Angel Jiménez Muñoz de Moralez, actual vogal do Comité de Árbitros (CTA).
De acordo com o advogado especialista em direito desportivo do autor da denúncia, Jacinto Vicente Hernández, esta não é a primeira vez que um árbitro é alvo de pressões, indicando que o fiscal de linha pretende manter o anonimato com medo de represálias, tanto pessoais como profissionais. Com o documento em mãos, a Guarda Civil espanhola já abriu um processo de investigação ao caso.
Não há ainda equipa de arbitragem definida para apitar o clássico mas, tal como revela o documento da denúncia, o árbitro pressionado é “um elemento das possíveis equipas arbitrais susceptíveis de arbitrar o jogo”. Diz ainda que têm conhecimento de outro árbitro assistente de outra equipa que sofreu pressões similares.
Alegadamente, as pressões foram feitas via chamada telefónica em Setembro, com o membro do CTA a entrar em contacto com o candidato a apitar o clássico, indicando que este último deveria “tentar dirigir de uma forma determinada, que no final suponha prejudicar os interesses do FC Barcelona”. Teria sido o árbitro principal a telefonar depois para o autor da denúncia para informar que “seria mais conveniente que as decisões mais difíceis desse jogo não fossem feitas pelo árbitro principal, pois a sua figura é mais mediática, gera mais controvérsia e está submetida a um maior controlo da comunicação social”.
A vítima das pressões terá recusado as instruções, pelo que recebeu, dias depois, uma chamada directa do membro do CTA a avisar que deveria aceitar a proposta caso quisesse progredir. Segundo a versão do pressionado, o vogal revelou que este seria um procedimento corrente que, devido à pressão dos meios de comunicação, fazia com que se fizesse agora de forma mais subtil.
Denúncia "kafkiana"
Do lado do Barcelona, pronunciou-se a vice-presidente para a área económica dos catalães, que espera que não se confirmem as pressões. “Seria prejudicial para a competição e o seu prestígio”, apontou Susana Monje.
O alegado autor das pressões, Jiménez Muñoz de Morales, confirma que já recebeu a denúncia e defende-se classificando-a como “kafkiana”.
O CTA, presidido por Victoriano Sánchez Arminio, diz que não fará nenhum comunicado oficial. “Não vamos dizer nada sobre o assunto. A história cai com o seu próprio peso. Não tem sentido”, assinalou Sánchez Arminio ao jornal espanhol AS.
Miguel Cardenal, presidente do Conselho Superior do Desporto, tentou convencer o árbitro que denunciou as pressões a dar a cara, oferecendo todo o seu apoio. "Isto tem que ser explicado agora, o mais rápido possível. Não podemos estar com essa história de ameaças, falando sem saber quem é. Ninguém pode ter medo”, explicou Cardenal.
Também o presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, fez declarações acerca da denúncia. “É um pouco inverosímil esta denúncia do assistente. Não tem nenhum sentido quando não está designado o árbitro do jogo”
Para os jornais espanhóis Mundo Deportivo, Sport e Marca, Fernandez Borbalán é o árbitro mais bem colocado para apitar o clássico, de acordo com os critérios não escritos que segue o Comité de designação na hora de distribuir os jogos.
Texto editado por Nuno Sousa
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O próximo jogo entre Real Madrid e Barcelona tem data e hora marcada (21 de Novembro, 17h15) e, faltando neste momento sensivelmente um mês, o ambiente já começa a aquecer. O responsável é um árbitro assistente da primeira divisão espanhola que acusa um membro do Comité Técnico de Árbitros de pressão para prejudicar o Barcelona - e, portanto, beneficiar o Real Madrid -, no próximo duelo entre os actuais líderes do campeonato espanhol, no Santiago de Bernabéu.
Na denúncia apresentada à Promotoria Anticorrupção de Barcelona, encaminhada posteriormente para a Guarda Civil, não consta nem o nome do árbitro assistente nem o do autor das pressões, segundo alguns meios de comunicação espanhóis. Outros dão como certo que o autor das alegadas pressões é José Angel Jiménez Muñoz de Moralez, actual vogal do Comité de Árbitros (CTA).
De acordo com o advogado especialista em direito desportivo do autor da denúncia, Jacinto Vicente Hernández, esta não é a primeira vez que um árbitro é alvo de pressões, indicando que o fiscal de linha pretende manter o anonimato com medo de represálias, tanto pessoais como profissionais. Com o documento em mãos, a Guarda Civil espanhola já abriu um processo de investigação ao caso.
Não há ainda equipa de arbitragem definida para apitar o clássico mas, tal como revela o documento da denúncia, o árbitro pressionado é “um elemento das possíveis equipas arbitrais susceptíveis de arbitrar o jogo”. Diz ainda que têm conhecimento de outro árbitro assistente de outra equipa que sofreu pressões similares.
Alegadamente, as pressões foram feitas via chamada telefónica em Setembro, com o membro do CTA a entrar em contacto com o candidato a apitar o clássico, indicando que este último deveria “tentar dirigir de uma forma determinada, que no final suponha prejudicar os interesses do FC Barcelona”. Teria sido o árbitro principal a telefonar depois para o autor da denúncia para informar que “seria mais conveniente que as decisões mais difíceis desse jogo não fossem feitas pelo árbitro principal, pois a sua figura é mais mediática, gera mais controvérsia e está submetida a um maior controlo da comunicação social”.
A vítima das pressões terá recusado as instruções, pelo que recebeu, dias depois, uma chamada directa do membro do CTA a avisar que deveria aceitar a proposta caso quisesse progredir. Segundo a versão do pressionado, o vogal revelou que este seria um procedimento corrente que, devido à pressão dos meios de comunicação, fazia com que se fizesse agora de forma mais subtil.
Denúncia "kafkiana"
Do lado do Barcelona, pronunciou-se a vice-presidente para a área económica dos catalães, que espera que não se confirmem as pressões. “Seria prejudicial para a competição e o seu prestígio”, apontou Susana Monje.
O alegado autor das pressões, Jiménez Muñoz de Morales, confirma que já recebeu a denúncia e defende-se classificando-a como “kafkiana”.
O CTA, presidido por Victoriano Sánchez Arminio, diz que não fará nenhum comunicado oficial. “Não vamos dizer nada sobre o assunto. A história cai com o seu próprio peso. Não tem sentido”, assinalou Sánchez Arminio ao jornal espanhol AS.
Miguel Cardenal, presidente do Conselho Superior do Desporto, tentou convencer o árbitro que denunciou as pressões a dar a cara, oferecendo todo o seu apoio. "Isto tem que ser explicado agora, o mais rápido possível. Não podemos estar com essa história de ameaças, falando sem saber quem é. Ninguém pode ter medo”, explicou Cardenal.
Também o presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, fez declarações acerca da denúncia. “É um pouco inverosímil esta denúncia do assistente. Não tem nenhum sentido quando não está designado o árbitro do jogo”
Para os jornais espanhóis Mundo Deportivo, Sport e Marca, Fernandez Borbalán é o árbitro mais bem colocado para apitar o clássico, de acordo com os critérios não escritos que segue o Comité de designação na hora de distribuir os jogos.
Texto editado por Nuno Sousa