Hospital de Gaia diz que surto de bactéria multirresistente está controlado

Rastreio permitiu detectar mais portadores da bactéria multirresistente que causou a morte de três doentes.

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O Hospital Policlínico Universitário Santa Ursula Malpighi despediu a funcionária em Junho Jorge Silva/arquivo

O rastreio em curso nas enfermarias consideradas de alto risco do hospital de Gaia, por causa do surto de uma bactéria multirresistente que provocou a morte a três pessoas, permitiu identificar mais quatro doentes portadores de Klebsiella Pneumoniae.

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O rastreio em curso nas enfermarias consideradas de alto risco do hospital de Gaia, por causa do surto de uma bactéria multirresistente que provocou a morte a três pessoas, permitiu identificar mais quatro doentes portadores de Klebsiella Pneumoniae.

“Não são casos de infecção, são portadores. O que o hospital de Gaia está a fazer é identificar todos os portadores para quebrar a cadeia de transmissão. É um trabalho de louvar”, destaca o coordenador do Programa de Prevenção e Controlo de Infecção e de Resistência aos Antimicrobianos da Direcção-Geral da Saúde (DGS), José Artur Paiva. O médico garante que esta situação não representa perigo para "o comum dos doentes" nem para os profissionais de saúde.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE) assegurou também, em comunicado, que o surto infeccioso está controlado e fez esta quarta-feira um ponto da situação: estão agora internados "17 doentes portadores de Klebsiella Pneumoniae produtora de KPC (presença da bactéria sem manifestações da doença) em regime de isolamento" e há ainda “dois doentes com infecção em tratamento, com evolução favorável”.

A unidade acrescenta que está a proceder ao “rastreio universal” de portadores desta bactéria multirresistente “em enfermarias de alto risco (Medicina Interna, Pneumologia, Especialidades Cirúrgicas)” e que foram também definidos “circuitos” para todos os afectados.

O CHVNE respondia desta forma à tomada de posição do presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Azevedo, que esta quarta-feira defendeu o encerramento do pavilhão central do hospital, de forma a impedir a disseminação da bactéria que contaminou mais de 30 pessoas desde 7 de  Agosto.

Depois de visitar o hospital e de contactar com enfermeiros que ali trabalham, José Azevedo tornou público que foram estes que o alertaram para o problema de não haver “possibilidade de controlo [no hospital] porque o isolamento não é possível”. Considerou mesmo ser importante “avisar as pessoas” que visitam parentes no hospital “para não mexerem em nada” porque corrrerão o risco de ficar contaminadas.

Uma opinião que foi de imediato contrariada pela responsável do grupo coordenador do programa de combate a infecções no CHVNGE. “Não há qualquer indicação para o encerramento de todo o hospital ou do pavilhão central”, porque “o surto está limitado e localizado”, assegurou Margarida Mota. “Nas áreas clínicas onde foram identificados os casos, procedeu-se ao seu encerramento temporário até à obtenção dos resultados dos rastreios, assim como à desinfecção do ambiente”, explicou ainda à Lusa.

José Artur Paiva sublinha que esta resistência da Klebsiella Pneumoniae ainda é “rara” em Portugal (1,8%), que está mesmo um pouco abaixo da média europeia e muito longe daquilo que se verifica noutros países, como a Grécia (50%) e a Itália (mais de 30%). Mas admite alguma apreensão: “O que nos preocupa é o facto de estarmos a assistir a uma progressão significativa: passamos de 0,3% há três anos, para 0,7% no ano seguinte e 1,8%, no ano passado”. Esta resistência foi descrita em Portugal pela primeira vez em 2009 e constitui uma preocupação em todo o mundo, porque tem uma capacidade de disseminação muito grande.

Na semana passada, a DGS admitiu que pelo menos três das oito mortes ocorreram em resultado da infecção pela bactéria multirresistente identificada no Hospital de Gaia.  Os outros pacientes terão morrido com a infecção, mas não por causa da infecção. Esta conclusão baseou-se num "juízo interpretativo" efectuado partir dos dados clínicos, explica José Artur Paiva. com Lusa