Luaty quer continuar greve de fome ao lado dos 14 companheiros
Activista quer sair da clínica onde está em Luanda e ser transferido para o Hospital Prisão de São Paulo, na capital angolana.
O activista angolano Luaty Beirão, em greve de fome há 30 dias em Luanda, quer abandonar a clínica privada onde se encontra e regressar ao Hospital Prisão de São Paulo, disse nesta terça-feira à agência Lusa fonte próxima do preso.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O activista angolano Luaty Beirão, em greve de fome há 30 dias em Luanda, quer abandonar a clínica privada onde se encontra e regressar ao Hospital Prisão de São Paulo, disse nesta terça-feira à agência Lusa fonte próxima do preso.
Pedro Coquenão, que acompanha a situação em permanência junto a Luaty Beirão, na Clínica Girassol, em Luanda, disse hoje à Lusa que o preso político luso-angolano quer permanecer ao lado dos restantes 14 companheiros que se encontram neste momento no Hospital Prisão de São Paulo, em Luanda, mantendo a greve de fome.
"Esta decisão tem que ver com o facto de ele estar estável e, tendo também havido esta notícia recente de que todos foram transferidos para o Hospital Prisão de São Paulo, ele entende que faz mais sentido estar junto dos seus companheiros e ter o tratamento que tiver que ter lá e ficarem todos próximos uns dos outros e deixar de haver esta separação", explicou.
Segundo Coquenão, se fosse para ter um tratamento especial, na medida em que Luaty Beirão "tem 30 dias de greve de fome, e se a necessidade de estar numa clínica fosse obrigatória", fazia sentido continuar mais uns dias com cuidados especiais, mas "Luaty acabou por sentir que o facto de não haver uma saída o faz sentir como mais natural pedir para regressar ao sítio onde estava".
"Acima de tudo, tem lá os 14 companheiros à espera e ele quer estar perto deles para que o caso acabe por resultar: trata-se de um conjunto de pessoas e não apenas uma pessoa isolada, ainda que essa pessoa esteja a fazer um enorme sacrifício físico para chamar a atenção para este caso", explica Pedro Coquenão, amigo pessoal de Luaty Beirão e que como músico e artista usa o nome "Batida".
Coquenão disse também que Beirão está consciente das manifestações de solidariedade que começam a ser demonstradas em Portugal para com os jovens presos em Luanda em Junho passado, acusados de tentativa de golpe de Estado.
"Tudo isso é importante. Ele tem sabido de tudo e tudo isso tem sido essencial para se manter sóbrio e moralizado e incrementar a sua paz no caminho que está a percorrer", explicou Pedro Coquenão.
O julgamento do caso dos 15 jovens vai começar no dia 16 de Novembro, no Tribunal Provincial de Luanda, prolongando-se por cinco sessões já agendadas.
Além de Luaty Beirão, de 33 anos, que assina com os heterónimos musicais "Brigadeiro Mata Frakuzx" ou, mais recentemente, "Ikonoklasta", também Albano Bingobingo, outro dos 15 activistas em prisão preventiva neste processo, iniciou a 9 de Outubro, pelos mesmos motivos, uma greve de fome, mas segundo denúncia da família sem receber os necessários tratamentos médicos.