Autarcas acusam Rui Moreira de “pedantismo atroz” e “parolice”
Autarcas não gostaram de ouvir o autarca do Porto criticar uma promoção turística assente no "fumeiro" e no "galo de Barcelos"
Os presidentes das câmaras de Barcelos e de Vinhais criticaram o congénere do Porto, Rui Moreira, por causa da avaliação que ele fez da estratégia de promoção turística da entidade regional Turismo Porto e Norte (TPN) de Portugal. O primeiro acusou Moreira de “centralismo” e de “pedantismo atroz”, o segundo de “parolice”.
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Os presidentes das câmaras de Barcelos e de Vinhais criticaram o congénere do Porto, Rui Moreira, por causa da avaliação que ele fez da estratégia de promoção turística da entidade regional Turismo Porto e Norte (TPN) de Portugal. O primeiro acusou Moreira de “centralismo” e de “pedantismo atroz”, o segundo de “parolice”.
Na reunião do executivo de terça-feira, Rui Moreira disse que a TPN promove um Portugal “bucólico” que não interessa ao Porto, argumentando: “Não queremos vender o Porto pelo fumeiro e o galo de Barcelos. Esta é uma política que entendemos que possa ser muito interessante para alguns municípios, mas não para o Porto”.
As palavras do autarca foram mal recebidas por Miguel Costa Gomes, presidente da câmara de Barcelos, que as considerou como “declarações infelizes”. “Pior do que o centralismo de Lisboa é o centralismo do Porto. E as declarações do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, sobre dois dos grandes símbolos do Norte, o galo de Barcelos e o fumeiro, revelam não só um elitismo e um pedantismo atroz a que a região não estava habituada, como o desconhecimento da sua relevância na promoção do país dentro e fora de portas", argumentou, num comunicado divulgado pela Lusa, em que defende ainda que Moreira devia ter “mais respeito pelos 85 municípios do Norte”.
"A região Norte tem vindo a lutar por um conjunto de interesses comuns, onde as tradições, cultura e especificidades de cada município muito têm ajudado e contribuído para o forte posicionamento do Norte, e que não devem ser fragmentados, contra o centralismo de Lisboa", destaca Miguel Costa Gomes.
Para a autarquia de Barcelos, Rui Moreira "revela que não tem noção da importância dos 85 municípios na promoção do Porto e do Norte de Portugal, fixando-se apenas na Avenida Boavista e na Avenida Montevideu, na Foz".
Já Américo Pereira, presidente da Comunidade Intermunicipal de Trás-os-Montes e da Câmara de Vinhais – concelho de Bragança considerado como a capital do fumeiro – classificou as palavras de Rui Moreira como “parolice”, numa carta que lhe dirigiu e a que o PÚBLICO teve acesso. Américo Pereira considera que o autarca do Porto “fez declarações infelizes relativamente ao turismo e ao fumeiro” e escreve, na carta que lhe dirigiu, que “o que disse, da maneira que o disse, é uma enorme parolice”. A missiva, muito irónica - o autarca convida mesmo Rui Moreira a ir à próxima Feira do Fumeiro de Vinhais, em Fevereiro de 2016 -, diz também que não fica bem "a um qualquer autarca, usar termos com sentido altamente depreciativo, de forma rude, grosseira e de mau gosto, para argumentar seja lá o que for".
As palavras de Rui Moreira foram proferidas durante a reunião do executivo, depois de o autarca ter admitido que estava a considerar pedir à TPN que retirasse a palavra “Porto” do nome da entidade regional. Moreira começou por aludir à intenção da TPN se associar a uma nova agência de promoção turística da região no exterior – função que é, actualmente, assumida pela Associação de Turismo do Porto (ATP), presidida pelo próprio Rui Moreira – como uma decisão que entrava em “rota de colisão” com a ATP, mas acabou por dizer que o verdadeiro problema nem era esse, mas o facto de não se rever na estratégia promocional da região desenvolvida pela TPN.
Citado pela Lusa, o presidente da Câmara de Barcelos diz que as críticas de Moreira são “reveladoras da existência de um qualquer problema que o autarca tem com o Turismo Porto e Norte de Portugal que deveria ser resolvido entre portas".
"O presidente da Câmara do Porto fez uma afirmação complexa e de cariz político menor, que foge, estranhamente, a todas as declarações que o próprio tem vindo a fazer. O símbolo "bucólico" e " provinciano", como ele pejorativamente se refere ao galo de Barcelos, fala por si só e representa não apenas uma cidade e um concelho, mas todo um país e a sua cultura", sublinha Miguel Costa Gomes. "A autarquia de Barcelos não pode deixar de lamentar este tipo de atitudes, que não só não engrandecem a região, como a menorizam aos olhos do país", acrescenta.