Ferrari estreia-se em bolsa a subir 6%

Empresa vai encaixar, pelo menos, 893 milhões de dólares com a dispersão de capital.

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No primeiro semestre, foram vendidos 3694 carros da marca Justin Sullivan/Getty Images/AFP

A Ferrari acelerou no primeiro dia na Bolsa de Nova Iorque. A cotação da marca de carros de luxo chegou a estar a subir 17% nos primeiros momentos de negociação, tendo fechado a sessão nos 55 dólares, uma valorização de 5,8%.

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A Ferrari acelerou no primeiro dia na Bolsa de Nova Iorque. A cotação da marca de carros de luxo chegou a estar a subir 17% nos primeiros momentos de negociação, tendo fechado a sessão nos 55 dólares, uma valorização de 5,8%.

A empresa vendeu acções correspondentes a 9% do capital a um preço de 52 dólares cada uma, o máximo do intervalo de valores que tinha definido. Isto significa um encaixe de 893 milhões de dólares (787 milhões de euros), que revertem na maioria para o grupo Fiat Chrysler, dono da marca.

Ao todo, foram colocados nas mãos de investidores 17,2 milhões de acções, que começaram nesta quarta-feira a ser transaccionadas na Bolsa de Nova Iorque, sob o símbolo RACE. Se a procura o justificar, os bancos a cargo da operação ainda têm a possibilidade de vender, ao longo do próximo mês, um lote adicional de acções, correspondente a 1% do capital. Isto significa que as receitas com podem subir até aos 982 milhões de dólares. Aos preços desta tarde, a capitalização bolsista supera os dez mil milhões de dólares.

“As margens operacionais da empresa, bem como a reduzida quantidade de acções disponibilizadas, alimentarão a procura pelos títulos na abertura do mercado de Wall Street”, considerou o analista Pedro Ricardo Santos, da corretora XTB Portugal. “Do lado oposto surgem receios da limitação de crescimento do negócio, tendo em conta o abrandamento dos países emergentes, nomeadamente da China. Contudo, este mercado representa aproximadamente 9% das vendas da marca do cavalo, pelo que o seu impacto nas contas da empresa deve ser limitado.”

A Ferrari vende poucos carros e pretende manter a estratégia de níveis de produção baixo, para assegurar o carácter exclusivo das viaturas. Nos primeiros seis meses do ano, foram vendidos 3694 automóveis em todo o mundo (dois dos quais em Portugal), o que se traduziu em receitas de 1387 milhões de euros.

O dinheiro conseguido com a colocação da Ferrari em bolsa ajudará o grupo Fiat Chrysler a financiar um plano de investimento de 48 mil milhões de euros para expandir várias marcas da multinacional, que incluem ainda a Jeep, Alfa Romeo e Maserati. Por ora, o grupo tem ainda 80% do capital da Ferrari, que vai distribuir no início do próximo ano pelos seus próprios accionistas. Os restantes 10% estão nas mãos de Piero Lardi Ferrari, filho do fundador da marca. Formalmente, o capital que está a ser disperso em bolsa é de uma empresa holandesa criada para o efeito, chamada New Business NV, que mudará em breve o nome para Ferrari NV.

A empresa tem também uma divisão de corridas automóveis, a Scuderia Ferrari, conhecida sobretudo pela presença na Fórmula 1. As equipas desportivas da Ferrari atraem uma quantidade significativa de patrocínios, mas servem também como estratégia de promoção. "Se não formos capazes de atrair e reter o talento necessário para sermos bem-sucedidos em competições internacionais, nem de aplicar o capital necessário para financiar corridas de sucesso, o valor da marca Ferrari e o apelo [para os consumidores] dos nossos carros e outros bens de luxo pode sofrer”, notava o prospecto da empresa.