Aquilo que os une é (muito) mais fraco que aquilo que os separa
É inequívoco que a coligação e o PS têm de criar consensos e, portanto, fazer cedências no sentido de aqueles serem possíveis, pois é aqui que reside a maioria de 193 deputados
O clima que vivemos hoje, duas semanas depois das eleições legislativas, é alarmante e preocupante. Não só porque a indefinição governativa gera instabilidade política e social, mas também porque esta é uma indefinição que pode dar azo a um governo de esquerda, o que multiplica exponencialmente a instabilidade do país, como já demonstrou a queda da bolsa portuguesa em resposta a essa possibilidade.
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O clima que vivemos hoje, duas semanas depois das eleições legislativas, é alarmante e preocupante. Não só porque a indefinição governativa gera instabilidade política e social, mas também porque esta é uma indefinição que pode dar azo a um governo de esquerda, o que multiplica exponencialmente a instabilidade do país, como já demonstrou a queda da bolsa portuguesa em resposta a essa possibilidade.
Muitas já foram as opiniões políticas e jurídicas dadas sobre a questão, a minha é clara pese embora o seu acolhimento seja diminuto: o Presidente da República se tiver em conta os resultados eleitorais e ouvir os Partidos com assento parlamentar, sabe que são a coligação e o PS que têm de formar governo. É inequívoco que a coligação e o PS têm de criar consensos e, portanto, fazer cedências no sentido de aqueles serem possíveis, pois é aqui que reside a maioria de 193 deputados.
De todo o modo, pelo que se percebe pelas declarações do Líder do PS, tal pode não acontecer, preferindo este um Governo de esquerda que inclua o BE e o PCP. Algo que nunca aconteceu na história da democracia portuguesa, por razões evidentes, diria eu. O BE e o PCP são partidos que defendem a renegociação da dívida, a saída do euro, adotado uma postura antieuropeísta e nacionalista numa europa em construção há 65 anos. Estas são matrizes ideológicas que não são partilhadas pelo PS e são razões pelas quais os eleitores dos respetivos partidos votaram neles. Ou seja, não me parece que o BE e o PCP caso deixem esta ideologia na gaveta não possam ser acusados de faltarem aos compromissos com os eleitores, aliás, é isso que em democracia deve ser feito.
Terminando, ainda que seja possível um compromisso dos partidos de esquerda com o único prepósito de tirar a direita do poder, aquilo que os une é mais fraco que aquilo que os separa e o governo, com ou sem ministros do BE e do PCP, será sempre uma bomba relógio.